Thursday, December 09, 2004

GOLPE DE ESTADO

O “Modus Faciendi” Presidencial

O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

Tubarão

Este artigo teve a aprovação do Exmo. Comandante Guélas

Viva o Comandante Guélas

www.riapa.no.sapo.pt

13 comments:

Anonymous said...

A coisa mais simpática que posso dizer é que não sabes minimamente o que significa o conceito FASCISTA.

Francis

Anonymous said...

o que é o ultramar, é a claque dos adeptos do rabeta do portas?

Anonymous said...

Até que enfim que há alguém com coragem para dizer a VERDADE ! Não se calem, porque vocês são necessários para a DEMOCRACIA!

Alpedrinha Fonseca

Anonymous said...

Estado d eDireito Democrático' vocês sabem lá o que é que isso quer dizer! quando sampaio pôs lá o incompetente, estava tudo bem, agora já é um ditador! Vão mas é apanhar no cu, que é coisa que betinhos cobardes como vocês gostam, sem se confessar!

Anonymous said...

Os Comunas não gostam de saber a VERDADE ! Continuem, vocês são o garante da LIBERDADE contra este GOLPE DE ESTADO dos SOCIAIS-FASCISTAS. A LUTA CONTINUA como em 1975 que demos cabo dos COMUNAS!

Alpedrinha Fonseca

Anonymous said...

EXCLUSIVO

Profecias Políticas do Professor Carinha da Avó

Dia 10 de Dezembro de 2005

“O PS criou uma grave crise de credibilidade ao País com a Formação deste Governo” – Declaração do Presidente.

Vejamos os factos:

1º - Primeiro-Ministro José Sócrates resolveu levar para a Residência Oficial o companheiro Turco, elemento activo da relação, o que obrigou o Chefe do Governo a apresentar-se vestido de mulher nos Actos Oficiais.

Jornal “O Público” 10 de Setembro de 2005

“O Primeiro-Ministro estava lindamente vestido com uma saia da Ana Salazar e uma Camisolinha sem alças da Fátima Lopes, dando um ar chique à Festa de Apresentação do seu Turco ao pessoal do Trumps”

2º - Ministro António Vitorino esqueceu-se novamente de Declarar a Totalidade dos rendimentos. No entanto, ainda conseguiu proibir, de novo, o acesso aos Documentos do Fundo de Defesa do Ultramar. Mas foi tarde de mais!

Jornal “24 Horas” 10 de Outubro de 2005

“ Vitorino tenta afastar o nome de Jaime Gama e de Mário Soares da morte de Sá Carneiro. Quase que consegue transferir o dinheiro que os amigos tinham na Suíça, para uma outra conta em Nova York, com a ajuda de Carlucci. Este dinheiro tinha sido roubado do Fundo de Defesa do Ultramar e era já usado há muito tempo. Graças à autorização do anterior Ministro da Defesa para que as Finanças e o Ministério Público tivessem acesso aos Documentos , a verdade começa a vir à Tona.

3º - Com o escândalo denunciado na Comunicação, Jaime Gama abandona o cargo de assessor de Mota Amaral e pede desculpa aos Portugueses e às Portuguesas.

Jornal “Diário de Notícias” 13 de Outubro de 2005

“ Assassinado em Londres um Conselheiro da Revolução. Polícia Judiciária pensa haver relação com o Fundo de Defesa do Ultramar”

4º - Ramalho Eanes e Pinto Balsemão estão a monte, Mário Soares refugiou-se no Algarve e nunca mais fez intervenções políticas.

Jornal Digital “RIAPA”, 1 de Dezembro de 2005

“Sampaio ai Dissolver a Assembleia e o Governo, mas desta vez para obrigar os Deputados e os Membros do Governo implicados no Processo de Camarate a perderem a Imunidade ara serem apresentados à Justiça”

5º - Sócrates abandona o Governo para não ser implicado no “Pântano Político” e é abandonado pelo seu turco, que vai para Bruxelas fazer companhia a um político português de cor.

Mais na sua R.I.A.P.A.

Anonymous said...

Parvos...

Anonymous said...

www.riapa.no.rabo.pt

Anonymous said...

O “Modus Faciendi” Presidencial

O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

Tubarão

Este artigo teve a aprovação do Exmo. Comandante Guélas

Viva o Comandante Guélas

O “Modus Faciendi” Presidencial

O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

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O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

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O “Modus Faciendi” Presidencial

O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

Tubarão

Este artigo teve a aprovação do Exmo. Comandante Guélas

Viva o Comandante Guélas

O “Modus Faciendi” Presidencial

O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

Tubarão

Este artigo teve a aprovação do Exmo. Comandante Guélas

Viva o Comandante Guélas

O “Modus Faciendi” Presidencial

O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

Tubarão

Este artigo teve a aprovação do Exmo. Comandante Guélas

Viva o Comandante Guélas

O “Modus Faciendi” Presidencial

O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

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Sunday, December 12, 2004
CASO CAMARATE
Capitães de Abril Traficantes de Cocaína?

Seria por isso que a maioria deles andava sempre alucinada naqueles tempos?

Nos anos 70 havia fortes indícios de que parte significativa do Tráfico de Cocaína era feito com recurso ao transporte militar das Forças Armadas Portuguesas.
Depois do 25 de Abril o Conselho da Revolução continuou a autorizar as actividades. Antes desta data o Fundo de Defesa do Ultramar era gerido por Costa Gomes, que assumiu a Presidência da República depois de 28 de Setembro. Sabia-se nos meios militares que o Fundo era financiado pelo Tráfico de Droga. Todos os militares que integraram os gabinetes dos Ministros da Defesa, após a Revolução, sabiam das operações. O Fundo era gerido por Canto e Castro e outros militares próximos de Belém e do Partido Socialista. Nessa altura os americanos estavam muito ligados aos militares da esquerda e aos socialistas. É aqui que aparecem os nomes de Frank Carlucci e Mário Soares.
Amaro da Costa sabia das operações e preparava-se para denunciar o Conselho da Revolução e os seus amigos. Por causa disto o Governo da AD entrou em conflito com o Presidente Ramalho Eanes.
Estavam criadas as condições para se avançar com o Atentado!
No dia 4 de Dezembro de 1980, dá-se a explosão no avião que levava o Primeiro Ministro e o Ministro da defesa.
Depressa Freitas do Amaral vem à televisão confirmar a Tese de Acidente. Porquê?
Pinto Balsemão assume a liderança do Governo, à revelia do que Sá Carneiro já teria delineado caso Soares Carneiro perdesse as Eleições Presidenciais. O nome por ele indicado era Eurico de Melo. O Governo não tinha até aí acesso às Informações Militares do Fundo, pois estas dependiam do Conselho da Revolução.
A Investigação começou a ser sistematicamente boicotada. Por altura do Bloco Central Jaime Gama oficializou a Tese do Acidente, enganando o Povo Português. No Governo de António Guterres, o Ministro da Defesa António Vitorino tomou, como primeira medida, liquidar as relações de poder estabelecidas dentro do tráfico de Cocaína e venda de armas nas Forças Armadas.
Agora aí estão, finalmente, desclassificadas, as 250 caixas de Documentos guardados no Ministério da Defesa, os 900 Dossiers e os Ficheiros Secretos dos Serviços de Informação Militar (que fizeram uma investigação competente ao acidente de Camarate).
Ficarão assim por muito tempo?
Os indícios recentes dizem que os suspeitos estão a movimentar-se. Não é por acaso que o Presidente dissolve a Assembleia da República, com consequências na Comissão da Investigação.

Que o Povo Português saiba a Verdade!

Este artigo teve a aprovação do Exmo. Comandante Guélas

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posted by comandante guélas at 11:02 AM | 26 comments

Thursday, December 09, 2004
GOLPE DE ESTADO
O “Modus Faciendi” Presidencial

O novo Ditador chama-se Sampaio! Mas é um Ditador Original. Deu a Golpada mas não soube assumir a condução do processo. Ficou mudo, porque não sabe explicar a sua decisão. Há uns artigos atrás dissemos que estava ao nível do Kumba Ialá. Enganámo-nos! Está abaixo do Kumba. A dimensão do erro é tão grande, que entramos numa História de Ficção. Sampaio é a ameaça ao Estado de Direito Democrático. Está preso à sua própria Conspiração Tenebrosa, feita de segredos e inimigos invisíveis. Estará o Caso Camarate por detrás disto tudo?
“Por causa dele já foram assassinados um Primeiro-ministro e um Ministro da Defesa. Agora é a vez de ser assassinada a Comissão Parlamentar encarregada do Caso, pela Dissolução da Assembleia” – disse-nos o Investigador Nuno Bigornas, que foi o responsável pelo SIR (Serviços de Informação da RIAPA) de esclarecer o Caso.
“A atitude do Presidente é puro vandalismo anti-social” – esclareceu-nos o constitucionalista Bakaus Portugal. – “Sampaio iniciou a destruição económica. A legitimidade política de Sampaio desapareceu, porque no Regime Democrático não há lugar para Ditadores”.
“É urgente fazer-se uma Análise às Capacidades Psicológicas do Presidente. A RIAPA foi pioneira nesse apelo, pois já publicou os resultados” – esclareceu-nos o Professor Doutor João da Quinta.
Excedendo as piores expectativas, Sampaio mergulhou o país na confusão e na barafunda. Pela primeira vez na vigência da actual Constituição, o Chefe de um Governo com Maioria Parlamentar é despedido por um Presidente, que acordou um dia com uma depressão e resolveu sacrificá-los. É a segunda vez que um Presidente é encurralado pelo Processo Camarate. O seu comportamento revela-se desbragado e errático, próprio do pior caceteirismo de Esquerda. A sua equipa já não sabe qual é a melhor forma de minorar a extensão dos respectivos danos. Propõe uma “solução” sem convicção, hesitando entre arriscar tudo sozinho ou garantir alguma coisa sob a asa dos amigos. Mas é a iminência da impopularidade que comanda as escolhas tácticas e inspira o seu prometido discurso.
Neste quadro altamente desfavorável e de evidente desnorte, é previsível que procure criar um factor de diversão das atenções, e ao mesmo tempo de autovitimização, relativamente ao aperto que vive.
E é o Presidente o Santo garantidor do normal funcionamento das Instituições!

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posted by comandante guélas at 5:18 AM | 10 comments

Friday, December 03, 2004
"Esqueci-me de Avisar o Presidente da Assembleia"


A Instabilidade de Sampaio

Sampaio ocupa ilegalmente a Presidência da República ! A Lei é bem explícita: não pode ser candidato a Presidente o cidadão que apresente riscos de saúde que o possam impossibilitar de exercer o cargo.

Sampaio tem problemas cardíacos desde os 41 anos e como tal escondeu esses factos à Comissão Eleitoral, quando resolveu concorrer à Presidência. Repetiu a fraude quando concorreu pela segunda vez !

A Juntar a tudo isto, manifesta actualmente problemas do foro psiquiátrico. A variação das Emoções indica que se está a acentuar o seu problema de Saúde Mental, detectado há 9 meses e monitorizado desde essa data, pelos serviços de Saúde e Segurança de Belém.

Pode um país estar refém de um Presidente com problemas mentais, já impossíveis de esconder ?
Vejamos os Factos:

- em Julho reafirmou a sua fidelidade às virtudes e regras do parlamentarismo , justificando que uma maioria dá sempre garantias de estabilidade de governação do país;
- quatro meses depois dá uma reviravolta de 180º nas Convicções e resolve anunciar que vai dissolver o parlamento. Afinal, a existência de Maioria Parlamentar deixou de ser suficiente para assegurar uma governabilidade estável;
- Mas, e aqui está o problema mais sério, só dissolve depois deste “mau” Governo aprovar o seu Orçamento de Estado. A contradição comportamental é visível: o Governo é “Mau” mas o Orçamento elaborado pelo mesmo é “Bom” (Contradição Comportamental);
- se tivesse tomado esta posição em Julho, era uma “Decisão Política”, agora é uma “Decisão Lógica”; mantém-se a contradição comportamental, com uma flutuação nas convicções; o discurso político inverteu-se ao sabor das emoções;
- com esta atitude Sampaio poderá ter comprometido a boa realização do referendo sobre o Tratado Constitucional e a vitória do “sim”, comprometendo de vez o país;
- a demissão de um ministro nunca poderá ser a causa da dissolução de um Parlamento; se assim fosse, o Governo de Guterres não teria durado mais de um mês, depois do escândalo da fuga ao Sisa de Vitorino, o mesmo que agora é o responsável pela elaboração do Programa de Governo do PS.

É urgente não só a Demissão de Sampaio, como o seu Internamento numa Unidade de Saúde Mental. Os Sinais Acentuaram-se e Belém não pode mais esconder a verdade, para bem da Nação!

Para sustentarmos as nossas convicções, fomos pedir a colaboração do “Centro de Estudos – João da Quinta” (CEJQ), que continua a fazer um Trabalho subordinado ao tema - “Detecção de Perturbações Psiquiátricas na Comunicação através da Internet” (dados disponíveis já publicados na RIAPA INTERNACIONAL).
O Professor Doutor João da Quinta prontificou-se a analisar os nossos dados e a dar um parecer sobre o Comportamento Presidencial. Informou-nos que iria aplicar a “Escala de Personalidade Reduzida de Bakaus (Comportamentos Observáveis sem meios Técnicos Auxiliares – COTA)”, que detecta Sinais Psiquiátricos Relevantes para a Doença Mental (SPRDM).

Relatório Preliminar

Pontos Comportamentais Desajustados do Indivíduo analisado

Ponto 1 (Um) – Área Social – cria um clima contrário à Estabilidade do Grupo (EG); cria Tensão no Interior do Grupo(TIG); cria Ruído à sua volta de Forma Sistemática e Persistente (RFSP); é o Foco de Instabilidade - forma de agir (FI).

Ponto 2 (Dois) – Área Pessoal – Sem Escrúpulos em invocar o seu Nome para Impor a sua Vontade (SENIV); Autodestruição Voraz – cego, surdo e mudo a todos os avisos (AV); Flutuação das Convicções – danos na coerência – promete algo num dia e despromete no seguinte (FC); Contradições Comportamentais – já não distingue os conceitos “Mau” e “Bom” (CC); o Discurso Inverte-se constantemente ao sabor das Emoções (DIE).

Ponto 3 (Três) – Área de Esquema Mental – Emoções com Dominante – Forma de Pensar (EDFP); faz Declarações Acéfalas (DA); Discurso Inverte-se ao sabor das Emoções (DIE).

Os Resultados Completos do Estudo estão Publicados na RIAPA INTERNACIONAL

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Wednesday, December 01, 2004
Moedas Falsas

“Grito de Alarme”

Porque é que há certos políticos que se consideram “Pais da Pátria” ?
Porque o Povo já não lhes liga e então têm de se pôr em bicos dos pés. Cavaco Silva é um deles!
Fala da “Qualidade dos Agentes Políticos”, dos “Políticos Competentes”. Claro que se inclui neste pacote e aos seus ex-ministros.
Façamos uma Análise de alguns deles!

Cadilhe – enquanto Ministro das Finanças queria que os portugueses cumprissem as suas obrigações fiscais, mas não hesitou em fugir ao IVA quando resolveu comprar uma habitação de luxo em Lisboa. A seguir à Escritura mudou a Lei.

Fernando Nogueira – era um Zé-Ninguém do norte quando veio para o Governo e o cargo revelou-se um totoloto. Arranjaram-lhe um forte para morar como um príncipe e entretanto foi tratar da vidinha. O padrinho Cavaco emprestou-lhe dinheiro do Partido, sem juros, e ele comprou um terreno na zona mais cara do país e construiu uma vivenda. Na altura de pagar impostos, a avaliação foi feita como se tivesse um T-0 na Brandoa. Não contente com o Golpe, o padrinho deu-lhe a responsabilidade de privatizar o BPA. Mal teve oportunidade saiu do Governo e foi a correr para o lugar que lhe tinham reservado no novo Banco Privado por ele, mesmo sem perceber nada do meio.

Eurico de Melo – foi afastado discretamente após ter perdido uma mala, onde foram descobertos Documentos Oficiais e Fotos de Crianças Nuas. Haveria de ser expulso de certas partes da Europa, por ser visita assídua de “áreas quentes” de diversão. Cavaco escondeu-o em vez de se portar como um “Político Competente”!

Marques Mendes – a casa dele situa-se abaixo da de Fernando Nogueira e o processo foi igualzinho ao do amigo: impostos como se fosse na Brandoa!

Cavaco – além destes Políticos “Competentes”, ainda teve tempo para arranjar um tacho para a filha como Investigadora !
Assim, se este senhor resolver candidatar-se às Presidenciais, lembrem-se do conselho dele: votem só em “Políticos Competentes” !

Dr. Olho Vivo

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Tuesday, November 30, 2004
ORDEM MORAL – II

A Educação para todos, ao longo de toda a vida, deve ser o Projecto da Nova Ordem.
Todos devem ter acesso a ela, independentemente da cor, do sexo e da classe social. Já não podemos perder tempo com Valores Retrógados, que os impossibilitam de evoluir. Porque razão as mulheres ciganas só vão à Escola até ao 4º ano, se o Ensino Obrigatório vai até ao 9º ano e vai passar a ser até ao 12º ano?
A Obrigatoriedade está na Lei, mas nenhum Governo teve a competência para mudar a situação. Só resta a Lei e a Ordem e punir quem impede os seus de se tornarem cidadãos úteis à sociedade.. Não podemos estar à espera que as mentalidades mudem.e a Socidade não deverá tolerar parasitas que sobrevivem à custa daqueles que produzem.
São necessários novos Valores Políticos e uma nova Democracia Representativa. Os Novos Valores têm de ser transmitidos através de um Ensino Pluridisciplinar aberto a todas as Culturas. As comunidades não podem virar-se sobre si próprias. Dois quartos da Humanidade estão privadas de acesso ao Conhecimento, porque os seus dirigentes e os seus amigos, assim o quiseram. A Esquerda aniquilou a Esperança de metade da Humanidade! Quandos as populações se aperceberam da armadilha que lhes tinham montado, já era tarde de mais: estavam na pobreza extrema. Os Valores que lhes tinham transmitido condenavam-nos à morte.

A Globalização e as Novas Tecnologias são a salvação, juntamente com a nova Ordem Moral.
Serão necessárias 6000 línguas ? Há Culturas que devem ser banidas, pois elas são um entrave ao bem-estar Humano. São necessárias mudanças de significado e da criação de novos significados. A reforma deve vir do Conhecimento e da disseminação desse Conhecimento.
Há regiões do planeta que vivem na Idade Média, facto inadmissível para o Mundo Actual. A Renovação é essencial e urgente. Os Valores do Desenvolvimento são a Lei e devem ser Obrigatórios, sob pena de quem não os seguir se extinguir!

João da Quinta

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Friday, November 26, 2004
ORDEM MORAL - I

Os valores já não existem! Será culpa da Globalização? Talvez! Com ela multiplicaram-se os valores e as culturas, fazendo uma mistura explosiva de sinais contraditórios. Chegou-se à crise de Valores. É necessário pôr ordem neste caos, definirem-se Valores, para que a Humanidade ganhe de novo um Crepúsculo dos Valores. É preciso que esta nova Ordem Moral acabe de vez com os valores que se alicerçam em referências tradicionais. A Evolução da Humanidade não pode ser atrasada por sociedades retrógradas e elas não são donas das terras onde habitam. A nova “Ordem Moral” tem de lhes ser imposta, para que as futuras gerações não fiquem escravas de valores obscuros.
Todos os povos querem ser desenvolvidos e terem o nível de vida do Ocidente. Mas uma minoria escraviza-os em nome de causas obsoletas e, por incrível que pareça, por vezes têm ajuda de membros dos países desenvolvidos, que não abdicam das suas mordomias e que não as querem ao alcance dos outros. É a chamada Esquerda Recalcada.
A nova “Ordem Moral” está em marcha, e os ditadores e seus aliados, têm os dias contados. As palavras e as imagens circulam agora rapidamente e os povos descobrem as mentiras dos valores obscuros que lhes impuseram.
As Culturas não são iguais em dignidade. Há as válidas e as que não Têm razaão de exitir; há as que merecem ser respeitadas e aquelas que devem ser abolidas, devido às acções e aos crimes a elas associados.
Chegámos ao ponto de Confronto entre o Mundo que se constrói e evolui, o que quer o Bem para a Humanidade e o Mundo que não quer evoluir, recusando largar o poder dos seus valores ancestrais, para continuarem mergulhados nas trevas, no Mal.
A Humanidade é única, o Bem sempre venceu o Mal!

Ginga d'Itália ( Filósofo Paço-Arquiano )

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Tuesday, November 23, 2004
LIVE AID
Outra vez NÃO!

Já Lá vão 20 anos que o artista do Bob Geldof produziu um gigantesco concerto de Rock para ajudar as criancinhas da Etiópia. Acabou por ajudar o Ditador Mengistu, uma vez que os famintos não viram nem uma côdea.
Geldof e restante pandilha aplaudiram o êxito e o primeiro acabou por ganhar a medalha de “Sir”.

Resultado do Jogo:

Mengistu - 1

Geldof – 1

Mas, como os cérebros destes músicos já estavam a ser consumidos pelos ácidos que ingeriram, não aprenderam a lição e voltam à carga 20 anos depois. A desculpa são novamente os famintos, desta vez do Darfur. Os Totalistas irão ser os senhores de Cartum.

Conclusão: a ESTUPIDEZ é a pior das epidemias!



João da Fruta

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Anonymous said...

O clube de Pinto da Costa tinha atingido o auge tanto em termos nacionais como europeus. Era o apogeu, o delírio e o júbilo de um povo que nunca se tinha visto em tamanha aventura. PC fez esquecer o seu velho e grande amigo Pedroto, evitando qualquer comentário que pudesse recordar o velho mestre. A glória tinha de ser só sua e de mais ninguém. A cidade caiu-lhe aos pés, e foi a partir dessa altura que PC tomou consciência do poder que tinha e que Reinaldo Teles começou a alimentar a sua grande esperança de um dia vir a ser alguém no seu clube.
Reinaldo tinha Pinto da Costa quase na mão, através dos assíduos encontros deste último com as suas miúdas. As amantes sucediam-se e até entravam em lista de espera.
PC sentia-se um Don Juan e conhecia uma vida totalmente diferente daquela a que sempre estivera habituado. O poder alimentou ainda mais a sua ambição e começaram aí as traições aos seus melhores amigos.
Umas como pura defesa pessoal, outras para abrir caminho para os que iam chegando e prometiam uma maior subserviência, o que lhe dava a garantia de poder governar sozinho e principalmente sem ter de dar muitas explicações.
Os títulos traziam muito dinheiro para os cofres do clube Pinto da Costa já tinha esquecido os momentos em que era apenas um vendedor de fogões, muito embora continuasse ligado à mesma firma, onde mantinha uma posição superior. Os milhares com que tinha de lidar começaram a toldar-lhe a mente e a aumentar a sua ambição.
O seu clube era um grande chamariz para os grandes negócios e não faltaram oportunistas para tirar partido disso. Foi nessa altura que surgiu um empresário italiano muito ligado à venda de jogadores, mas com negócios ilícitos à mistura. Luciano D’Onofrio já tinha jogado futebol em Portugal, e acabou por criar raízes no nosso país, mais propriamente a sul, aproveitando uma grande parte do seu tempo para entrar nas redes ligadas ao tráfico de droga... e era mesmo vital aquele ponto geográfico para o negócio!
Luciano D’Onofrio, um indivíduo baixo, magro e com cara de rato, de nariz afilado mais parecendo um bico, apareceu pela mão de Reinaldo Teles e recebeu a bênção de PC.
D’Onofrio era um empresário sem escrúpulos e com alguns mandatos de captura em diversos países europeus, precisamente por tráfico de droga, mas foi acolhido como uma pessoa de grande interesse para o clube. Pinto da Costa foi quem mais lucrou com a sua vinda. Os jogadores do seu clube inflacionaram-se no mercado europeu, e D’Onofrio viu ali um grande negócio para si e para PC. Em todos os jogadores que fossem negociados para o clube ou que saíssem dele, o presidente teria sempre a sua percentagem, desde que mais ninguém interferisse no negócio. Após o recebimento das primeiras comissões, Pinto da Costa via-se rodeado por dois elementos ligados ao mundo do crime. Não era segredo para ninguém que Luciano D’Onofrio tinha ligações com a Mafia italiana e que Reinaldo mais alguns familiares viveram sempre de habilidades e negócios marginais, negócios centralizados na prostituição e na receptação de objectos roubados. «Pena é que estes ramos não estejam inscritos nos fundos comunitários», costumava dizer Reinaldo, que um dia ficou deliciado quando em Amesterdão viu umas garinas expostas em montras. Por um só momento, Reinaldo viu a rua de Santa Catarina transformada um gigantesco bordel, imaginando situações do tipo «leve três e pague duas» ou «pague o seu bacanal em dez suaves prestações». Mas era sonhar muito alto.
Foi este tipo de gente que fez engolir em seco muitas pessoas honestas e com dignidade que estavam ligadas ao clube. Alguns protestaram, defenderam a ideia de que o clube tinha de ser gerido com mais transparência e acabaram por ser afastados. Como aconteceu com Alberto Magalhães, reputadíssimo empresário.
PC, cada vez mais lá no alto, qual Deus do Olimpo, qual César à frente das legiões, não dava tréguas:
- Aqui quem manda sou eu, e quem não estiver bem que se afaste!
O clube vivia momentos conturbados em termos directivos, mas os resultados desportivos eram óptimos. Consequentemente, Reinaldo Teles ia subindo na hierarquia do clube. Já tinha subido de chefe de segurança a chefe de departamento de futebol, uma ascensão que deixou muita gente de boca aberta, mas que foi aceite sem grande contestação, pois nessa altura já Reinaldo tinha todo o seu staff de segurança organizado. Reuniu alguns dos maiores rufias da cidade, alguns dos seus conhecidos dos negócios marginais e de prostituição, e impôs um cordão de silêncio tanto a jornalistas como a dirigentes. Quem contestasse ou denunciasse algo que não convinha, recebia a visita de um desses marginais e ficava sem vontade de dizer mais nada, subordinando-se ao silêncio e à aceitação dos factos.
Nem os sócios conseguiam fugir a esta perseguição.
Mas quando as derrotas surgem ou os resultados demoram a aparecer e as exibições não são as melhores, há sempre associados que contestam. No final de um jogo em que o clube tinha perdido, um associado, passando ao lado dos balneários, não se coibiu de lançar alguns insultos ao presidente e seus pares.
- Filhos da puta, chulos, vão trabalhar!
Pinto da Costa, que estava de sobretudo e mãos nos bolsos, tendo a seu lado Reinaldo Teles e mais dois dirigentes de menor importância, todos rodeados por quatro capangas, deu de imediato uma ordem em surdina:
- Fodam-me esse gajo!
Os quatro capangas deram meia volta, seguiram o indivíduo até às imediações do estádio e deram-lhe uma sova, perante o olhar incrédulo das outras pessoas que não sabiam muito bem o que se estava a passar. Era a lei da força e do silêncio.
O esquema estava montado, e dirigente que ousasse abandonar o clube e falar do que ouviu ou viu, sabia bem o que lhe poderia acontecer.
O grupo de seguranças foi-se refinando alicerçado pela parcialidade e impunidade com que os próprios jagunços era tratados e alongou-se até alguns agentes de autoridade que não se importavam de ostentar as suas armas como forma de intimidação. Foi sobre esta onde de poder e segurança que Pinto da Costa construiu o seu império e imperializou a sua própria imagem. Ele sentia-se um Al Capone à portuguesa, com a vantagem de não poder ser apanhado pelo fisco, pois não tinha rendimentos legais que justificassem qualquer tributação. Tinha, isso sim, o poder nas mãos e ficou ainda mais seguro disso a partir do dia em que se aliou a um bruxo muito conceituado em terras brasileiras que dava pelo nome de Pai João (Delane Vieira), um bruxo que não se limitava aos orixás, fornecendo também a equipa de futebol com frasquinhos de vidro que continham um guaraná em pó muito especial, esmagado por uma tribo de índios do interior do Brasil. O «speed», normalmente recomendado para os gulosos do sexo, ajudava os craques e, aliado à normal injecção de «vitaminas», tornava-os super-homens dentro do campo. E era certo que a aparelhagem do anti-doping estava completamente desajustada para detectar o que quer que fosse. Mas até este sector, a seu tempo, foi devidamente controlado.
Entretanto, Reinaldo Teles não cessava a sua actividade, continuando a arranjar as melhores amantes para Pinto da Costa e a dar-lhe toda a protecção. Rodeado de poder, mas ainda sem dinheiro, o presidente, como lhe chamava Reinaldo, tinha algumas limitações, mas nunca esqueceu o velho amigo Ilídio Pinto, a quem continuava a extorquir o dinheiro que queria para efectuar alguns negócios, sempre com a promessa de que um dia este viria a ser vice do futebol profissional.
- É uma questão de tempo. Você tem de ter paciência. Necessito de si em lugares mais importantes para a vida do clube. Um dia o futebol será seu.
Com estas palavras de Pinto da Costa, o Ilídio lá ia passando uns cheques e cobrindo algumas despesas, porque fortuna pessoal foi coisa que nunca se conheceu ao presidente.
O grande negócio acabaria por surgir.
Um clube espanhol (Atlético de Madrid) interessou-se pela aquisição de Futre, e o seu presidente resolveu vir a Portugal contactar o jogador, sem antes consultar o clube de Pinto da Costa. Mas a organização, constituída por mais de uma dezena de guarda-costas, estava sempre bem informada de tudo quanto se passava na cidade e essencialmente dos assuntos que diziam respeito ao clube. Por isso, quando chegou a boa nova de que o presidente do clube espanhol estava em Portugal para falar com Futre, foi de imediato colocado um plano de ataque em marcha, cujo nome de código era «Caça à Peseta».
Apesar de Gil y Gil estar, no seu país, bem à altura de Pinto da Costa, quando veio a Portugal estava muito longe de saber o que lhe ia acontecer. Chegou ao Porto e combinou encontro com um empresário, para avaliar a possibilidade de levar Futre para Espanha. O bar era pequeno e decorado de uma forma simples. No fundo da sala, um pouco na penumbra, estava sentado Gil y Gil à espera do tal empresário quando irromperam pela sala dentro quatro indivíduos que, sem darem cavaco a ninguém, o rodearam e apertaram contra a parede, lançando o aviso:
- Se voltas aqui sem primeiro falares com o presidente do nosso clube, podes ter a certeza que não sais daqui vivo. Na próxima, não há aviso! - rugiu Reinaldo, decalcando o final da sua declaração de um filme que tinha visto em Pinheiro da Cruz.
Estas palavras foram ditas com tanta certeza e segurança que Gil y Gil quase se mijou pelas pernas abaixo. Fora a sua primeira lição como futuro presidente de um dos maiores clubes espanhóis. «Coño, em Portugal não se brinca», suspirou, ainda com as pernas a tremer como varinhas verdes.
Gil y Gil não disse palavra, limitando-se a sair do bar e a enfiar-se na sua viatura, acelerando, sem olhar para trás, até Espanha. Gil até se esqueceu de comprar um queijo da serra em Vilar Formoso, como prometera a Carmen, a sua amante de Madrid/Sul.
Já no seu território, contactou directamente com Pinto da Costa, e este, sem muitas palavras, indicou-lhe um interlocutor: Luciano D’Onofrio.
- O seu braço direito? - quis saber Gil.
- Mais ou menos, pois será ele a conduzir o assunto – informou PC.
Gil y Gil ficou tão impressionado com a acção de Pinto da Costa que resolveu oferecer um extra ao seu congénere português: uma vivenda em Madrid.
- Sim senhor, mas numa zona fina, se faz favor – aceitou PC de pronto.
D’Onofrio entretanto colocou outro jogador (Rui Barros) de PC num clube italiano (Juventus) e a soma da venda de Futre e desse jogador vendido para Itália foi de 1 milhão e 200 mil contos, uma verba que PC nunca teria imaginado poder passar pelas suas mãos. De imediato, PC juntou todo aquele dinheiro e abriu uma conta particular, prometendo aos seus parceiros de direcção que aquela verba iria servir exclusivamente para a compra de jogadores para o clube. Todos acreditaram, mas esse dinheiro desapareceu como o fumo. Para amostra não ficou nem sequer um mísero escudo.
As ligações de Pinto da Costa com situações marginais começaram a ser comentadas, e isso criou um certo descontentamento entre alguns directores, nomeadamente no patrão da sua empresa, Alfredo Costa, e presidente do Conselho Fiscal do clube.
Ninguém como Alfredo Costa conhecia a vida de Pinto da Costa e, por isso, sabia muito bem que este andava a vivera além das suas reais possibilidades, entrando em outros negócios e noutras sociedades, sem se lhe conhecer a proveniência do dinheiro.
Desconfiado desta situação, como presidente do Conselho Fiscal do Clube, Alfredo Costa um dia interpelou Pinto da Costa sobre o milhão e duzentos mil contos da venda dos dois jogadores, mas como resposta obteve apenas:
- Não tenho de dar contas a ninguém.
Alfredo Costa estava de pé frente à secretária de Pinto da Costa e quase não acreditou no que estava a ouvir. Aquela era a confirmação de que o dinheiro tinha mesmo desaparecido e não pactuou mais com a situação, demitindo-se do seu lugar de presidente do Conselho Fiscal do clube, ao mesmo tempo que intimava Pinto da Costa a abandonar a sua empresa.
Alfredo Costa não teve contemplações:
- Recuso-me a trabalhar com gente desonesta. Na minha empresa não posso ter indivíduos do seu quilate.
Pinto da Costa estava na mó de cima e não ficou muito preocupado com a situação. Uma grande parte daquele milhão tinha sido investida em várias empresas com ligações a familiares seus, mas sem o mínimo de capacidade de gestão, e todas acabaram por falir. O dinheiro fácil nunca é bem gerido, e o clube já estava a pagar as aventuras do seu presidente.
Mas os fiéis associados pouco se importavam com essas contas. Eles não queriam saber de gestão, mas de golos, e esses não faltavam. Pinto da Costa e Reinaldo Teles também sabiam disso e tinham de se organizar no sentido de garantir que esses golos e essas vitórias nunca haveriam de faltar.
Para deixar a empresa onde trabalhava, Pinto da Costa ainda teve que pagar sete mil contos e ficou sem carro por uns tempos. O milhão e tal de contos tinha desaparecido sem deixar rastos e tinha deixado de rastos PC, a contas com a justiça, por cheques sem cobertura e penhoras a bens pessoais. Foi um momento difícil, mas que não abateu o presidente, levando-o antes a pensar que o seu negócio era o futebol. Era nessa área que se movia como peixe na água, e a modalidade não estava a ser devidamente explorada. Todos os movimentos foram reprogramados, de forma a que o clube tivesse uma gestão capaz de alimentar o seu presidente.
Reinaldo Teles acabou por subir na escala do poder no clube. O vice para o futebol foi afastado, e Reinaldo chegou-se mais ao presidente, ocupando o lugar deixado vago.
A vaidade pessoal de Reinaldo levou-o a abrir mais uma casa de alternos, desta vez mais chique e refinada. As putas eram de melhor qualidade e o champanhe também.
Pinto da Costa não perdia um strip-tease, e quando lhe agradava, saboreava ao vivo a estrela do espectáculo. PC sentia-se cada vez mais um Al Capone à portuguesa.
Sempre rodeado de guarda-costas, assumia a pose do gangster e já tratava as raparigas da forma que um dia vira num filme americano, nos seus tempos de liceu.
Tinham surgido alguns escândalos e alimentava-se a desconfiança em relação à forma como os dinheiros estavam a ser geridos e distribuídos, mas aos poucos a organização refinou-se, de forma a não deixar rastos. Luciano D’Onofrio era um gangsterzinho e foi-se apercebendo da forma pouco cuidada e pouco profissional como os assuntos eram tratados e em alguns negócios governou-se com mais dinheiro do que aquele que ficara combinado, e para anular essas fugas, Pinto da Costa resolveu montar uma sociedade secreta na Suíça para que existisse um maior secretismo. D’Onofrio era uma figura envolta em algum mistério.
Tanto aparecia como, quase por artes mágicas, desaparecia, o que acontecia normalmente quando se adivinhavam maus momentos. Estas artes de prestidigitador livraram-no de muitos sarilhos, embora alguns anos mais tarde Luciano não tivesse conseguido evitar alguns dias de detenção num calabouço suíço, por suposta ligação a um caso futebolístico que abalou o futebol francês (Olympique Marselha).
PC confiava cegamente no seu amigo Luciano.
- D’Onofrio, vamos legalizar a nossa situação montando uma empresa de compra e venda de jogadores. No meu clube só você vende e compra todos os atletas, mas podemos estender o nosso negócio até outros clubes desde que se mantenha segredo absoluto.
- Está bem , presidente, você é que manda. Um dia ainda há-se ser como o Berlusconi.
Pinto da Costa não perdeu tempo.
- Vamos já formar essa sociedade, porque tenho um negócio para ser feito já.
Na semana seguinte já estavam os dois na Suíça para legalizarem a empresa de compra e venda de jogadores.
O seu primeiro negócio foi com um clube francês (Matra Racing de Paris) cujo treinador (Artur Jorge) já tinha passado pelo clube de PC.
- Temos de realizar dinheiro, porque as coisas não estão muito boas. As empresas que tenho montado têm dado uma grande barraca e levam-me o dinheiro todo. Temos o Jorge Plácido para vender a um clube francês.
Luciano D’Onofrio arregalou os olhos e disse com espanto:
- Mas, presidente, esse jogador não tem cotação europeia.
- Não se preocupe com isso, porque quem lá está vai querê-lo.
D’Onofrio, ainda sem acreditar no que ouvia, apesar de toda a sua experiência no mundo das vigarices, perguntou:
- Como vai ser feito o negócio?
- O nosso clube vende o Plácido à nosso empresa por 60 mil contos e nós vendemo-lo ao clube francês por 160 mil contos.
- Desses negócios é que eu gosto. Ganhamos mais que o clube.
- Tenho que dar uma volta à minha vida e começar a ganhar dinheiro, porque o que já perdi não foi pouco. No futebol é que está o nosso grande negócio.
Luciano D’Onofrio arregalou os olhos e pensou de imediato em ir um pouco mais adiante, mas resolveu não falar disso com o presidente. Preferia colocar o problema a Reinaldo Teles, que era um elemento mais acessível para as situações de ilegalidade.
Logo que pôde, encontrou-se com Reinaldo Teles e convenceu-o a falar com o presidente.
- Reinaldo, temos um negócio que dá dinheiro que se farta, mas tens de ser tu a falar disso ao presidente.
Reinaldo olhou-o pensativo, mas lá acabou por se decidir.
- Não venhas com tangas p´ra mim. Diz lá que o que queres que proponha ao presidente.
- Tenho feito aí uns negócios com cocaína e nem imaginas o lucro que isso dá.
- Estás maluco. Pensas que o presidente vai numa coisa dessas?
- As coisas estão más e é necessário realizar dinheiro. Com a protecção que o futebol dá, podemos trabalhar à vontade.
Reinaldo Teles convenceu-se de que, de facto, havia alguma razão nas palavras de Luciano D’Onofrio e comprometeu-se a falar com o presidente sobre o assunto.
Pinto da Costa ouviu atentamente Reinaldo e mandou-o avançar com a ideia, mas ele queria ficar de fora.
- Resolvam lá isso vocês os dois, mas deixem-me de fora para poder controlar melhor a situação.
Reinaldo Teles não era burro e ficou desconfiado. Naquele momento não disse nada mas, passados dias, voltou a falar do assunto.
- O melhor é ficarmos os dois de fora, e eu arranjo alguém para tratar do assunto directamente com D’Onofrio.
De início, o negócio correu bastante bem, mas passados alguns meses, a polícia começou a ameaçar com algumas buscas, tendo inclusivé ido esperar o autocarro do clube à portagem dos Carvalhos para o revistar de alto a baixo. Mas nunca encontrou nada, porque a rede estava bem montada e não faltavam informadores. No entanto, Pinto da Costa sentiu o perigo que essa situação podia estar a criar e, como tinha consciência de que inimigos era coisa que não lhe faltava, depois das primeiras prisões de pessoas ligadas ao grupo que actuava em paralelo com D’Onofrio, deu ordem para se terminar com o negócio da cocaína que começava a ser vendida um pouco descaradamente aos próprios jogadores de futebol do FC Porto.
Pinto da Costa não perdia tempo. Não dormia só para pensar. A «coca» garantia muitas horas de espertina, no fim de contas.

PC E AMIGOS - PARTE 1
Na Ribeira do Porto, dois homens estão frente a frente, tendo como intermediário um copo quase a transbordar de vodka. Um deles foi o craque do clube da cidade (Fernando Gomes). O outro é um jornalista desportivo. Ambos recordam os bons velhos tempos, quando Pinto da Costa era apenas um elemento de uma equipa que então ganhava sem precisar de recorrer a meios ilícitos e sem possibilitar o ganho de milhares de contos a marginais e arrivistas.
O jogador começou a conversa:
- Este mundo é mesmo ingrato.
- A quem o dizes - suspirou o jornalista.
- Parece que estão todos contra mim. Até o teu colega Tavares Telles me vigarizou em mil contos. Disse que ia escrever o livro da minha vida, pediu o adiantamento e o livro foi um ar que se lhe deu...
- Que é que se há-de fazer? Este mundo do futebol é mesmo assim. Também não te despediram do clube sob o argumento de que tinhas faltado ao jantar?
- Essa é que foi... Deus do céu, só de pensar o quanto eu gosto daquele clube! Mas esse moço de recados, o Octávio, vai ter um bonito funeral.
- Não acredites nisso - retorquiu o jornalista, baixando o tom, pois acabara de entrar no bar um elemento que não conseguiu identificar - o tipo sabe enganá-los com falinhas mansas. Sabes que com todo o dinheiro que tem ainda está a dever mil paus ao director do meu jornal, uma coisa dos tempos de Coimbra?
- Vou sair do futebol - anunciou o craque, após uma longa pausa - Este mundo não vale a pena: só os vigaristas, os bruxos e os indigentes é que têm futuro. E não vale a pena metê-los todos num convento, um a um, pois rapidamente iriam acabar por convencer os próprios santos. Bah!, que se lixem esses gajos...
- Tem fé, amigo, pois vão acabar por cair de podres.
Mas Fernando Gomes, o craque, não estava num dia positivo. Fechou os olhos e por momentos recordou os golos que marcou, viu-se de braços no ar, os cabelos molhados, correndo para os adeptos, subindo a rede, abraçando o presidente e pensando que o mundo se resumia ao estádio.
- Lembras-te quando disseste que a sensação de marcar um golo era superior à de um orgasmo? - perguntou o jornalista, quebrando um silêncio apenas embalado por uma música do Rui Veloso que se ouvia em fundo.
Fernando Gomes desfiou as suas mágoas, num lamento-monólogo que foi subindo de tom:
- Já sei que não sou um génio; nem acabei o curso dos liceus, mas não sou como aquela besta do «capitão» (João Pinto), que ia para os estágios sempre com o mesmo livro, continuando a ler no local que nós íamos marcando, ora mais adiante ora mais para trás. Mas corri um pouco o mundo, leio os jornais e não me dou com a ralé. Até dizem que tenho voz radiofónica e quem sabe se não poderei ser um dia um grande comentador desportivo. Ah, mas o meu sonho, o meu grande sonho, é ser presidente do clube, isso sim, isso iria encher-me as medidas! Eu sei, eu sei, não digas nada, já sei que só depois de o homem morrer é que terei algumas hipóteses. Mas ele não vai morrer tão cedo. Não sei como, mas conseguiu a protecção da Nossa Senhora de Fátima. Sim, da Nossa Senhora de Fátima. O cabrão! Só a mim é que ela não aparece...
Fernando estava inconsolável:
- Não lhe vou perdoar nunca o facto de me ter obrigado a acabar a carreira noutro clube, logo eu, o símbolo daquele emblema, a sua imagem de marca, o primeiro a dar-lhe algum dinheirinho para o bolso e o favorito do Pedroto.
Aqui Fernando teve uma ideia:
- Ouve lá, e se eu lançasse uma campanha para dar o nome de Pedroto ao nosso estádio?
A ideia nasceu ali, naquele momento, mas no mesmo dia, PC teve dela conhecimento.
- Vão ter que esperar sentados! - rugiu, sem conseguir esconder que lhe estavam a tentar cravar um espinho na pata.
A ideia nasceu, foi regada e germinou. Numa noite de Inverno, foi mesmo debatida e aplaudida num colóquio que se realizou nos arredores da cidade do Porto. Os jornais fizeram eco do acontecimento, mas nenhum jornalista ousou perguntar a PC o que pensava da ideia. PC evitou sempre a pergunta, na certeza de que o assunto acabaria por ficar esquecido.
- O Pedroto já lá tem uma lápide, não precisa de mais homenagens e, c´um raio, se ele merece o nome no estádio, o que é que eu não mereço? - interrogou PC os botões do seu novo fato príncipe-de-Gales.
Joaquim Teixeira foi um jogador muito discreto. O melhor que conseguia era de quando em quando, partir a perna ao melhor jogador da equipa contrária. Para compensar a falta de talento, tomava mais duas pastilhas que as aconselháveis e injectava-se por conta própria, ao ponto de um dia, o médico do clube o ter aconselhado a parar com aquilo, pelo menos, durante 24 horas, sob o risco de bater a bota. Teixeira era tão ambicioso como tosco. É certo que acabou a carreira aos 30 anos e com a calvície a pronunciar-se, mas terminou-a em beleza: com uma boa conta bancária e um chorudo cheque por ter derrubado um adversário na área de rigor, proporcionando uma grande penalidade que salvou a equipa contrária da descida de divisão. O lance não causou qualquer tipo de suspeitas, pois o Teixeira era mesma assim - às vezes acertava, outras não. Mas a história de Teixeira pouca relevância teria na história da vida de Pinto da Costa, se o primeiro não acabasse por se tornar um grande amigo do segundo, depois de ser apresentado por António Oliveira. Rapidamente se gerou ali alguma cumplicidade, não faltando a adorná-la o habitual naipe de mulheres da vida, desde a classe de iniciadas até às seniores em fim de carreira. Para ajudar, o País vivia uma ascensão económica que tinha os dias mais ou menos contados, mas que iria ser boa enquanto durasse.
Com o Teixeira a controlar as miúdas e o António Oliveira a dar a táctica, PC tinha a vida nocturna que queria, mas, ao contrário de Reinaldo, continuava muito agarrado ao dinheiro, não o arriscando na roleta. Esta última acabou por se revelar a desgraça de Reinaldo, que aí foi deixando largas centenas de contos, proporcionando também a um conhecido jornalista algumas jogadas de risco, em especial quando a equipa se deslocava à Madeira. Sempre adiantados dois passos em relação aos restantes, António Oliveira foi-se afastando do grupo, mas nunca se desligou. Joaquim Teixeira, entretanto, leu dois livros policiais e começou a falar como um doutor, deixando de ser adjunto do António - então um treinador de mediano sucesso - para se tornar técnico principal. O conhecimento que tinha da arte das pastilhas acabou por se aliar a um feeling muito especial e, rapidamente, enquanto ia esvaziando o stock de uma farmácia próxima de Paredes, conheceu o sucesso.
- O futebol é um espanto. Ainda ontem estava a queimar o couro no pelados e hoje eis-me a fumar um charuto e a dar bitaites para os jornais! - dizia Teixeira para a mulher, enquanto apreciava as miúdas que se passeavam no areal de Cancún, onde uma conhecida apresentadora de televisão fazia discretamente amor com dois jovens craques que nesse ano tinham surgido na ribalta.
- Chegou a hora de começar a apanhar peixe graúdo, pois estou farto de andar aos figos! - desabafou, longe de saber que nesse momento, PC tinha engendrado mais um plano diabólico.
O plano era simples e partia do seguinte pressuposto: no futebol, nem só os jogadores são a mercadoria: há que contar também com o treinador.
- E os treinadores, Reinaldo, é que marcam golos ou os permitem! - referiu PC, merecendo o assentimento de Reinaldo.
- Vai ser canja - continuou o presidente. Fulano precisa de clube, e nós arranjamos esse clube, a quem damos a garantia de que, com aquele treinador, é que a equipa não desce; não sendo preciso dizer mais nada, eles ficam logo a saber que nós seremos os anjos-da-guarda.
- E o que é que nós vamos ganhar com isso, presidente?
- Tudo. Começamos por ganhar nos treinadores, que nos vendem a alma para o que for preciso. Depois, ganhamos com os clubes que os contratam, que também nos ficam a dever favores. Mas não é tudo. Para além de eventuais comissões que virão directamente para os nossos bolsos, os bons jogadores que aparecerem nesses clubes ficam garantidos para o nosso lado e aqueles que forem excedentários do nosso plantel podem ir asilar para esses clubes, o que nos desobriga logo de lhes pagar os ordenados.
Isto é o ovo de Colombo.
- De quem?
- De Colombo, do tipo que descobriu a América. Não julgues que também ele não enganou os Espanhóis. No fundo, era de Génova. O Cristovão...
- Quem? O da televisão?
- Não, burro, o Cristovão Colombo, e repara que até ele se enganou, pois pensava que estava a descobrir o caminho para Índia quando descobriu a América. Foi o que me disse a Nancy, a nova, aquela que trabalhava num videoclube...
- E que tal?
- Para o Colombo não correu mal...
- Não presidente, que tal a Nancy?
- Ah, a Nancy!...boa, sabe aquelas coisas dos filmes...
- ...o beijo pressionado?!
- Qual beijo pressionado, qual quê! Aquelas coisas mais complicadas. Mas não desconversemos. Quero que fique assente que a partir de hoje temos de formar um lobby...
- Ó chefe, mas isso compra-se com dólares ou com pesetas?!...
- Calado - prosseguiu, já algo irritado, Pinto da Costa. Vai ser assim: andam por aí uns rapazes com talento, alguns até foram nossos jogadores, mas os clubes são mais que muitos e as melhores oportunidades normalmente são dadas aos treinadores estrangeiros. Vamos acabar com isso. A nossa garantia vai abrir os olhos aos clubes, que passarão a perguntar-nos que treinador é que podem contratar. Nós é que o escolhemos, percebes? Mas o rapaz que for escolhido já sabe que nos deve não um, mas muitos favores, entendes? Para além de passarmos a controlar o que já sabes, ficamos também com a certeza de que eles farão tudo para derrotar os nossos adversários directos, enquanto que nos jogos com a nossa equipa!... percebeste agora?
- Mas, ó presidente, isso é genial!
- Claro...
O plano foi posto em marcha logo nessa temporada, tendo como cabeça de fila o Joaquim Teixeira, também conhecido por «Fixe». Os clubes da região caíram nas palminhas de PC, só um deles desceu por manifesto azar, e os adversários directos, por norma, tramaram-se nas deslocações aos terrenos das equipas controladas. Como se tal não bastasse, PC foi pedindo alguns adiantamentos ao longo da época aos presidentes mais abonados, que ficavam satisfeitos só pelo facto de surgirem ao lado de PC ante as câmaras dos repórteres-fotográficos. Um deles, o Manuel Lopes Rodrigues, até se deu ao luxo de reunir na sua quinta os mais ricos empresários da região, com estes, a troco de um galhardete autografado, a entregarem nas mãos de PC uma generosa quantia «para ajudar o clube mais representativo da região».
Na altura, alguns jornalistas ainda tentaram investigar uma história que podia ser o fio da meada ou o fim da picada. Era a história de um jogador belga (Cadorin) que, nos minutos finais de um jogo no estádio do clube grande, entrou em campo, ao que se supõe, apenas para, na sua área, provocar uma grande penalidade, jogando a bola com a mão e dando assim a possibilidade à equipa da casa de vencer o jogo e não se atrapalhar na corrida para o título. O jogador desapareceu de circulação, e a última vez que foi visto foi a fazer compras em Roterdão, supondo-se que hoje vive desafogadamente numa quinta dos arredores de Liège, onde todos os anos, pelo Natal, recebe um peru com uma mensagem de PC.
E o Teixeira? De subida em subida, foi até onde pôde. Depois, claro, já não podia subir mais. PC tinha encontrado um livro num caixote cujo autor era um tal doutor Peter, defensor dos princípios de competência.
- Reinaldo, isto é assim: tu só és competente até determinado nível; se o ultrapassares, passar a ser um incompetente, percebes?
Reinaldo mais uma vez não percebeu bem, pois, como ele mesmo dizia, tinha uma cabeça que trabalhava a «carvão».
- O Teixeira é bom nestas coisas. Quanto muito, posso arranjar maneira de o pôr a treinar a selecção de sub-12, se é que isso o realiza. Mais é que não. Fica onde está e caladinho, e isto é se quer continuar a passar férias a Cancún.
O Teixeira concordou, apenas com um pedido. No final da próxima época, preferia ir de férias para as Seychelles!
PC E AMIGOS - PARTE 2
O bar de Reinaldo começou a ser ponto de encontro para aqueles que queriam usufruir dos favores da arbitragem. Dirigentes e árbitros encontravam-se assiduamente no local, mas nunca tinham um contacto directo, uma situação que foi sempre muito bem controlada, para que não houvesse fugas de informação, tanto em relação a favores como aos preços estipulados.
Lentamente, foi criada uma bem organizada rede de corrupção na arbitragem gerida, por cima, por Reinaldo Teles, contando este com um assistente directo: Jorge Gomes.
Os árbitros das mais variadas regiões, logo que pisavam o chão da cidade, iam de imediato ao encontro de Reinaldo. Não pediam nada, e muito menos ofereciam qualquer tipo de favor; aguardavam antes, pacientemente, por uma abordagem. No início, estabeleceu-se uma certa confusão promíscua no negócio, e esta situação não era a mais aconselhável. As pessoas começavam a falar de mais, pois já nada passava despercebido, e Reinaldo Teles teve de reorganizar o negócio, colocando as cartas na mesa de Pinto da Costa.
- Eles parecem moscas a cair no meu bar. A coisa já está a dar muita bronca.
- Que coisa?
- Aquele negócio dos árbitros. Começou a insinuar-se que eu era capaz de resolver tudo, e os gajos não me largam. São os dirigentes de um lado e os árbitros do outro.
Nunca pensei que esta situação pudesse atingir este nível. Uns só querem vitórias; e os outros, dinheiro...
- Deixa lá. Ao menos, fica toda a gente satisfeita. Esse negócio tem de começar a ser gerido de uma forma mais segura. Isso vai dar muito dinheiro, mas é necessário saber fazer as coisas. Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Estava dado o mote para o arranque de uma organização mais capaz e eficiente, e o plano foi colocado em marcha. Havia receptividade de parte a parte e isso já era um bom avanço. O tempo em que o clube gastava dinheiro para controlar algumas arbitragens já tinha passado. Os árbitros sabiam exactamente onde estava o poder e como se chegar a ele, e se em paralelo se podia ganhar dinheiro, muito melhor.
Pinto da Costa estava consciente de que todos o temiam. Não tinha o mínimo de pruridos quando queria esmagar um inimigo. Não fazia ameaças, mas os que se mostrassem contra o seu poder podiam ter a certeza de que obteriam uma resposta de acordo com a situação e sem qualquer tipo de contemplações. Perante tal quadro, era muito mais proveitoso estar ligado a Reinaldo Teles. Para além do dinheiro que podiam ganhar, tinham toda a cobertura possível dentro do Conselho de Arbitragem, área onde Pinto da Costa e os seus pares se moviam com bastante à-vontade, contando com a colaboração de um presidente da sua inteira confiança. Pinto da Costa gostava de evidenciar de uma forma discreta esse poder. Era uma forma de fazer saber que quem mandava era ele. Quem estivesse sob a sua protecção tinha as melhores nomeações e as melhores classificações. E protegia quem se aliasse a ele, incentivando a aproximação dos mais indecisos.
PC queria uma organização perfeita e o controlo absoluto sobre todas as situações. Mas os jornalistas eram indiscretos e perigosos para o negócio. Não era muito saudável que se levantassem muitas suspeitas, e esse sector tinha também de começar a ser muito bem controlado. Pinto da Costa sabia insinuar-se e cativar. Quando lhe convinha, promovia encontros com directores de jornais e, de uma forma desinteressada, começava a gabar-lhes os feitos e o trabalho. Incentivados pela guerra estabelecida pela concorrência e sabendo que quem obtivesse maior número de informações junto dos grandes clubes era quem mais vendia, ninguém se negava a esses encontros. Era impossível, porém, controlar toda a gente e, através de algumas acções de intimidação, estabeleceu-se um clima de medo para os que teimavam em mostrar-se independentes.
Normalmente às quartas-feiras, o presidente reunia-se com os jagunços e indicava-lhes qual o jornalista que tinha de ser encostado e insultado. Nos dias dos jogos, os capangas passeavam livremente pelo camarote da Imprensa e, através de insultos e ameaças, exerciam uma tremenda pressão sobre alguns jornalistas. A intenção era clara: promover o medo e o consequente silêncio. Durante a semana, quem tivesse o atrevimento de não analisar uma situação conforme lhes convinha podia ter a certeza que tinha à sua espera na primeira oportunidade alguém com o seu jornal na mão a ameaçar que o fazia engolir aquele pedaço de papel.
Pinto da Costa era mestre na política da divisão, e ao longo dos tempos foi criando divisões entre os jornalistas, porque tinha consciência do perigo que representavam quando todos se resolvessem unir e impor os seus direitos. A organização era-lhe favorável, e ele sabia como jogar todos os seus trunfos. Um negócios implantado no seio da arbitragem era exactamente aquilo que lhe faltava. A Olivedesportos e a agência de viagens Cosmos estavam a facturar como nunca. Tinha conseguido vários exclusivos que lhe permitiam efectuar o mais variado tipo de operações, sobrefacturando sem medo de poder ser contestado. Tinha o presidente federativo na mão, e até nem foi muito difícil conseguir isso. Dava-lhe gozo colocar os da capital a trabalhar para a sua organização. Um cartão de crédito sem limite e umas viagens oferecidas ao casal que comandava as operações federativas bastaram para que pudesse facturar alguns milhões. Pinto da Costa estava adiantado em relação a todos os outros. Já há muito que tinha entendido que o futebol era a indústria que mais rendia em 90 minutos.
Mas PC não era infalível. Também cometia os seus erros. Quando, através do agora grande amigo e sócio camuflado, Joaquim Oliveira, ofereceu um cartão de crédito sem limite ao federativo e à sua mulher, nunca lhe passou pela cabeça que a mulher deste, numa das viagens da nossa selecção, se lembrasse de utilizar o respectivo cartão em compras pessoais, gastando quase dois mil contos. O cartão foi de imediato cancelado.
Numa viagem ao Luxemburgo, onde o clube de PC foi disputar um jogo particular, um emigrante português, que se dedicava à pintura de automóveis e também fazia uma perninha como empresário de jogadores de futebol, conseguiu criar uma grande amizade com PC e Reinaldo. O indivíduo tinha boa pinta e falava várias línguas. Era inteligente e mostrou-se conhecedor do ramo. E como era necessário preencher a vaga de Luciano D’Onofrio, a solução estava mesmo ali à mão.
José Veiga tinha todos os predicados para entrar na organização e, num ápice, apareceu em Portugal como sócio de Joaquim Oliveira. Grandes jogadores começaram a passar pela sua mão. Ganhou prestígio, mas a sua ligação aos Oliveira limitava a sua acção.
PC estabeleceu então uma nova estratégia:
- O José Veiga tem-se mostrado competente e capaz. Tem-nos dado muito dinheiro a ganhar, mas está na hora de se desfazer a sociedade.
Joaquim Oliveira não entendeu onde o presidente queria chegar e não hesitou em perguntar:
- Mas não estou a entender. Se ele nos está a dar bom dinheiro, porque é que vamos desfazer a sociedade?
Então explicou o seu plano:
- Se desligarmos o José Veiga da nossa organização, simulando um desentendimento, ele fica mais livre para poder trabalhar com outros clubes, nomeadamente com os nossos maiores adversários. Com esta acção, para além dos lucros que daí podemos retirar, ficamos com a possibilidade de minar os nossos adversários por dentro. Ficamos com o campo livre para lhes vendermos jogadores com rótulo dourado, mas fora de prazo, e também podemos vender os seus melhores jogadores para clubes estrangeiros, criando, assim, focos de instabilidade ao mesmo tempo que se lhes diminui a força.
Joaquim Oliveira nem queria acreditar no que ouvia. Aquele homem era de facto um manancial de inteligência. Dois dias depois, estava desfeita a sociedade e, tal como fora previsto, José Veiga tornou-se num dos empresários mais conceituados da nossa praça.
Mas a completa organização do sector da arbitragem era o negócio que agora fazia perder mais tempo a PC. Reinaldo Teles tinha descoberto o ovo de Colombo e revelado jeito para controlar a situação.
Com um tiro podia matar com facilidade dois coelhos. O seu clube não tinha dinheiro para andar a gastar em arbitragens, e a sua política nunca foi a de gastar, mas sim a de cobrar. Toda a gente sabia que ele não era homem endinheirado, e alguns dos que, nos primeiros anos, ainda ajudaram o clube quando se tornou necessário, agora fugiam a essa situação, porque se sentiam traídos com os negócios efectuados por PC. Era a velha filosofia de que era possível enganar toda a gente durante muito tempo, mas não sempre. Como gostava de dizer, «não corre mais o que caminha, mas sim o que mais imagina». Por isso, tornava-se necessário pensar sempre em novas estratégias.
Quem emprestava dinheiro queria garantias, e o clube ia ficando hipotecado a essas situações, perdendo algum património sem que ninguém levantasse a voz para travar esse tipo de situações. Pinto da Costa sentia-se inatingível. Estava acima do poder e até o desafiava, sem ser punido por isso. Tinha a força do seu clube por trás. As vitórias, os golos e as alegrias. Tudo era feito em nome do futebol.
Pinto da Costa sabia que tinha muitos inimigos, e não podia falhar dentro do relvado.
O controlo sobre árbitros era a solução que mais garantias dava para que se continuasse a somar títulos, e Reinaldo Teles tinha a solução na mão, sem gastar dinheiro com isso, muito pelo contrário, ganhando milhares. Reinaldo limitou-se a deixar germinar o negócio. Não era necessário movimentar-se. As pessoas vinham ter com ele para estabelecer o primeiro contacto. Já não se negociava com prendas, mas com dinheiro vivo. Foi mesmo estabelecida uma tabela, mas Jorge Gomes não estava muito de acordo.
- Isso das tabelas não tem jeito nenhum. Os jogos têm de valer pela importância que têm.
- És capaz de ter razão, mas aqui no bar está a dar muita barraca. Temos de falar com o presidente.
Pinto da Costa já se tinha apercebido da situação e também não andava muito satisfeito com a exposição pública. Havia que evitar um devassa que, de dia para dia, se tornava mais fácil de empreender, principalmente da parte dos inimigos do costume. Ele mesmo era cliente assíduo do bar e não queria ser visto no local na companhia de árbitros e muito menos envolver-se directamente no negócio.
- Vamos «lavar» a imagem que está a passar lá fora. Esta situação tem que ser alterada. Muito embora utilizes o teu bar para o primeiro contacto, combinas depois os encontros para o restaurante do teu primo. O local é mais decente, menos visto, e não é tão frequentado por gente do futebol. E sempre tem ao lado um bom jardim que dará sempre para meditar um bocadito...
- Também acho que essa é a posição mais acertada. Vamos mudar isto, e já - concordou Reinaldo.
Com uma organização mais eficiente, Reinaldo Teles elaborou uma carteira de árbitros seleccionados por preços, acessibilidade, categoria e forma de actuar. O prémio de cada favor era estabelecido conforme a importância do jogo, e de início, Reinaldo cobrava apenas um terço do estabelecido, mas, mais tarde, quando verificou que os seus favores eram cada vez mais requisitados, passou a cobrar 50 por cento.
Ninguém discutia preços nem duvidava do empenhamento de Reinaldo Teles, que sempre que lhe era possível marcava a presença no jogo onde estabelecera o seu melhor negócio.
Mas o volume de pedidos cresceu tanto, que Jorge Gomes começou a ser mais requisitado, entrando no negócio a todo o vapor. Enquanto Reinaldo assumia os seus compromissos e as suas responsabilidades no negócio, Jorge Gomes estava mais virado para o lucro fácil. Fazia-se intermediário, cobrava a respectiva verba e nem sempre os árbitros viam a fracção combinada, o que dava origem a alguns protestos rapidamente silenciados com as ameaças do costume.
Jorge Gomes foi mais longe. Com a ambição de ganhar tudo, a maior parte das vezes nem sequer falava com os árbitros e esperava simplesmente que os resultados fossem favoráveis para ficar com a respectiva verba. O negócio até era muito mais rentável na 2ª Divisão. Os jogos eram menos vistos, os árbitros estavam menos expostos e toda a gente queria subir. Foi num negócio entre duas equipas da 2ª Divisão que Jorge Gomes foi pela primeira vez desmascarado nas suas vigarices.
O árbitro era alentejano, mas tinha um compadre no Porto, proprietário de um restaurante. O lugar era típico e até se cantava lá o fado. Um representante de um dos clubes foi falar com o dono desse restaurante, levando uma proposta em carteira.
- Sabemos que és compadre do João Cravo, e ele vem apitar, no domingo. Não podemos perder. Tens de nos ajudar.
- Está bem, eu falo com o homem.
- Quanto é que achas que lhe podemos dar?
- Mil contitos, mas 200 são para mim.
- Tudo combinado. Trata do negócio.
Passados poucos dias, o mesmo elemento desse clube surgiu no restaurante do compadre de João Cravo para lhe dizer:
- Não trates de nada, porque o meu vice e o meu presidente foram falar com o Reinaldo Teles, e ele garantiu que tratava do assunto todo. Para tratar disso, já ficou lá com dois mil contos.
- Mas eu resolvia isso com mil.
- Oh, pá, nem me quero meter nessa merda! Mandaram-me falar contigo e foram ao bar do gajo e ele sacou-lhes dois mil contos. Fiquei bera com isso e obriguei-os a prometerem-me que os teus 200 contos estão garantidos.
- Tudo bem, não há problema. O Reinaldo que me telefone que eu trato do encontro. O homem vem de véspera e janta no meu restaurante.
Na véspera do tal jantar, Jorge Gomes telefonou ao dono do restaurante e combinou o encontro com o árbitro. Quando este chegou, foi logo posto ao corrente do que se estava a passar e esperou até quase de madrugada por Jorge Gomes. Como esta não aparecia, acabaram por desistir, embora mantendo a esperança de que ele telefonasse. Mas até à hora do jogo... nem um telefonema nem uma palavra.
O clube que entregou os dois mil contos a Reinaldo ganhou, mas sem qualquer interferência do árbitro. No final, de regresso ao restaurante do seu compadre, o árbitro voltou a falar no assunto.
- O Jorge Gomes não me ligou nem disse nada.
- São uns filhos da puta. Ficaram com os dois mil contos e nem sequer se dignaram a falar comigo. Esses gajos são burros como portas. Andam a dar dinheiro a esses chulos.
De facto, os dois mil contos ficaram na posse da organização de Reinaldo, sem que este tivesse o mínimo trabalho ou interferência no desenrolar do jogo. E o dono do restaurante nunca mais viu os tais 200 contos.
Jorge Gomes sabia jogar com a situação e tinha consciência de que, como não se podia falar abertamente destes negócios, dificilmente se descobriria este tipo de vigarice.
Uma outra vez, no final de um jogo em que o árbitro foi um internacional nortenho, o presidente do clube que venceu acompanhou, no final da partida, esse árbitro ao seu automóvel e pelo caminho disse-lhe abertamente:
- O Jorge Gomes já falou consigo?
- Comigo? Não. Porquê?
- Eu dei-lhes três mil contos para si e ele garantiu-me que já lhos tinha dado.
De súbito, começou a chover e, no momento em que o presidente desse clube saltava um charco de água e abria o guarda-chuva para abrigar o árbitro, ambos verificaram que Jorge Gomes, embrulhado numa gabardina, se dirigia a eles.
O árbitro não hesitou, e mesmo ali agarrou-o pelos colarinhos, enquanto lhe dizia:
- Ó meu filho da puta, andas a governar-te à minha custa!
- Tem calma, eu vinha agora trazer-te o dinheiro.
O presidente resolveu então intervir, para evitar que aquilo se transformasse num escândalo.
- Tenham calma. Vamos resolver isso civilizadamente. Você ainda me disse ontem que já tinha dado os três mil contos a este homem.
- É que ainda não tive oportunidade de o encontrar.
- Tem aí o dinheiro? - perguntou o presidente.
- Não.
- Então avise o Reinaldo Teles que amanhã vou ao bar dele e se não me devolverem os três mil contos, armo um escândalo que nem vos passa pela cabeça.
Foram muitos os casos como este. Jorge Gomes estava a comprometer o negócio com as suas vigarices, mas o certo é que Reinaldo lhe aparava todos os golpes, e PC começou a desconfiar que eles estavam feitos, muito embora não revelasse o facto para não perder a confiança de Reinaldo, muito menos agora, que ele lhe tinha apresentado a Maria. Uma rapariga por quem se estava a apaixonar e para a qual até arranjou um emprego no clube.
Semanalmente, eram muitos os milhares de contos que se movimentavam em negócios com os árbitros. Reinaldo Teles e Jorge Gomes já evidenciavam sinais exteriores de riqueza. Os negócios eram realizados em dinheiro vivo, mas, quando isso não acontecia, também não havia problema para controlar a situação e não deixar vestígios. Reinaldo recebia os cheques, trocava-os no casino, levantava dinheiro na troca de fichas e entregava em dinheiro aos árbitros. Não deixava qualquer tipo de vestígio.
No entanto, esta situação levou-o a viciar-se no jogo. Com alguns montes de fichas na mão, começou a não resistir à tentação de arriscar algum na roleta e perdeu muitas centenas de contos. Jorge Gomes não gostou da situação e por diversas vezes tentou fazer com que o seu amigo deixasse o jogo.
- Não gastes dinheiro nessa merda. Não vês que ninguém ganha, e quando ganha, no dia seguinte deixa-se o dobro.
- Deixa lá. Isto dá-me gozo, e o dinheiro é dos camelos. Eu controlo a situação.
Posto isto, apostou tudo o que tinha no preto. E ganhou.
- O que é que eu te dizia, Jorge?...
PC E AMIGOS - PARTE 3
Pinto da Costa e Reinaldo Teles tinham encontrado nos escalões inferiores as suas melhores fontes de receita nas negociatas directamente relacionadas com processos de corrupção na arbitragem. O nível dos dirigentes era mais baixo, e a vaidade dos endinheirados empresários que procuravam o futebol para evidenciarem a sua posição social estava a ser soberbamente explorada.
Pinto da Costa esfregava as mãos.
- Como é fácil ganhar dinheiro no futebol. Quando assumi a presidência do clube, nunca imaginei poder chegar a esta situação e ganhar tanto dinheiro.
- Mas, desta vez, veja lá se tem mais cuidado com os investimentos que faz. Siga o meu exemplo; gasto algum no jogo, mas estou sempre bem de vida - juntava Reinaldo Teles, sempre prudente.
- Isso não é de admirar. O teu negócio dá sempre. Agora estás a ver-me a gerir uma casa de putas? Toda a gente me caía em cima.
- Não é bem assim. Vejam o meu exemplo. Não é segredo para ninguém que sempre vivi à custa da prostituição. Sim, porque não tenho as gajas para andarem a fazer cócegas aos clientes e eu não ganhar nenhum. Ninguém vai ao meu bar beber um copo porque o whisky de lá é muito bom ou a música óptima.
- Nisso tens razão. A maior parte do whisky que lá vendes até está marado! Só mesmo as gajas é que são boas. Por falar nisso, já há muito tempo que não me apresentas uma novidade.
- E a Maria?
- Adoro aquela gaja. Pelo menos agora tenho-a junto a mim mais tempo e sem ninguém desconfiar de nada. Mas isso não quer dizer que não vá provando uma daquelas novidades que vão aparecendo.
- Estou à espera aí de umas gajas novas que vêm da Rússia e hei-de arranjar-lhe alguma coisa. Mas, voltando à conversa anterior, não concordo muito consigo quando me diz que ter um bar de alternos é mau e que não dá prestígio. Você é testemunha de que esses gajos todos não me largam e estão fartos de dizer que sou um tipo porreiro. Até me querem fazer uma festa de homenagem. Não vê, nas viagens ao estrangeiro que fazemos com o clube, as mulheres deles a juntarem-se à minha sem qualquer tipo de preconceito?! Toda a gente sabe que é a minha mulher que gere as putas, que lida com elas todos os dias e, sabe uma coisa: mulheres dos nossos vices e de alguns dos acompanhantes que habitualmente nos seguem, fizeram-se grandes amigas dela e algumas até puxam conversa para saberem como é o ambiente no bar. Isto é um mundo de hipocrisia, e o que é necessário é saber viver nele.
- Então eu não sei disso!? Eu levo muitas vezes a tua mulher aos jantares que os clubes estrangeiros nos oferecem, enquanto tu ficas com os jogadores.
- Bem, mas aí eles não conhecem a Luísa. E ela até tem boa pinta.
Pinto da Costa ouviu o telefone tocar, levantou-se do maple onde estava sentado e foi atendê-lo na sua secretária.
- Tudo bem, obrigado.
Após uma curta pausa para ouvir o seu interlocutor, PC puxou uma folha de papel e escreveu um nome.
- Já sabia que ele nos ia nomear esse árbitro. Fui eu que lho pedi pessoalmente. Sabe, o jogo é importante e não podemos arriscar... OK! Até logo e obrigado. Era o Adriano Pinto - disse PC.
- Ele está a ajudar-nos bastante.
- Que remédio ele tem. Se não fosse assim, tirava-lhe o tapete.
- Mas ele ajudou-nos bastante no início e pode ajudar-nos ainda mais.
- Sei perfeitamente que tenho aprendido muito com ele. No início, foi o Adriano que me abriu os olhos e me ensinou que caminhos devia percorrer para ganhar os títulos que ganhámos. Mas agora quem manda no futebol sou eu. A força está do nosso lado, e se ele não fizer o que mandamos, não tenhas dúvida que lhe tiro o tapete, e ele sabe disso.
Reinaldo Teles lembrou-se do quanto Adriano Pinto era importante em toda a estratégia estabelecida. Só a sua amizade já era bom para o negócio que começou a ser montado.
Pinto da Costa tinha uma visão extraordinária em relação ao futuro e começou a urdir a sua organização. Reinaldo Teles e Jorge Gomes continuavam a dar todo o apoio nos negócios com os árbitros, apostando na ajuda a clubes de escalões inferiores. Com esta acção, iam ganhando algumas centenas de contos semanalmente e tinham cada vez mais os árbitros na mão, não sendo necessário, por isso, gastar nem um tostão quando esses árbitros viessem apitar o seu clube.
Entrava-se num ciclo vicioso. Os árbitros ficavam de tal forma hipotecados a Reinaldo Teles que, quando fossem nomeados para os jogos com o seu clube, não tinham força moral para o trair e nem sequer era necessário comprá-los. Mas nem tudo corria da melhor forma, e Reinaldo teve consciência de que não dominava o sector conforme julgava, quando, por diversas vezes, saiu derrotado em acções por ele desenvolvidas.
Em 1992, na última jornada do campeonato da 2ª Divisão, Reinaldo Teles foi contactado no seu bar por um clube que tinha hipóteses de subir de escalão e que ia jogar com outro que se não ganhasse seria despromovido. O negócio ficou acertado, comprometendo-se Reinaldo a entregar ao árbitro três mil contos, garantindo outro tanto para si. O árbitro era da capital e, depois de contactado num dos grandes hotéis da cidade por Jorge Gomes e Reinaldo, comprometeu-se a fazer o frete e a ir receber a verba combinada no domingo à noite ao restaurante do primo de Reinaldo.
O clube protegido por Reinaldo era o visitante, e ao intervalo já estava a ganhar por 3-0 com uma arbitragem verdadeiramente escandalosa. A ameaça de invasão de campo estava iminente, mas nem isso assustou o árbitro da partida. Mas, perante tal situação, o presidente do clube visitado, sabendo que o negócio tinha sido feito por Reinaldo e conhecendo o montante da verba combinada, no interregno da partida entrou na cabina do árbitro e, com o descaramento que provinha do desespero, fez directamente a sua proposta ao árbitro e fiscais de linha.
- Sabemos que Reinaldo Teles vos ofereceu três mil contos e vocês podem sair daqui mortos.
Retirando uma pequena pasta de debaixo do braço, puxou de um grande maço de notas, colocou-o em cima da mesa que estava na cabina do árbitro e apostou forte quando disse:
- Estão aqui cinco mil contos e queremos ganhar. A vossa protecção está garantida.
Saiu da cabina do árbitro e esperou pacientemente pelos últimos 45 minutos. O inevitável acabou por acontecer: o árbitro deu de tal forma a volta à situação, que o jogo terminou com um resultado de 4-3.
Reinaldo Teles tinha sido derrotado na sua estratégia e prometeu vingança ao árbitro.
O certo é que esse árbitro abandonou o ofício mesmo antes de atingir o limite de idade.
Reinaldo Teles sabia que tinha de ser duro na sua acção para não perder o controlo da situação, e Pinto da Costa avisou-o muitas vezes.
- É necessário ser duro e inflexível.
Ambos se recordavam bem de um caso passado uns anos antes com um árbitro algarvio que foi apanhado com a «boca na botija».
Desde que tinha sido promovido ao primeiro escalão, Francisco Silva revelou uma grande ambição pelo dinheiro, aceitando negociar sempre que possível com Reinaldo Teles. Mas depressa verificou que era ele quem dava a cara e sofria a consequência dos escândalos a que ficava obrigado.
Reinaldo ganhava tanto como ele e, por vezes, até mais. Este árbitro tinha falado várias vezes com os presidentes dos clubes que favorecia, e eles acabavam por confessar quanto tinham dado a Reinaldo ou a Jorge Gomes. Achou que aquilo era uma exploração e resolveu actuar por conta própria.
Pinto da Costa teve conhecimento da situação e avisou Reinaldo Teles do perigo que aquela atitude constituía.
- Vamos tratar da saúde desse gajo, para que não haja mais fugas. Quando souberes de um contacto directo, avisa-me que eu trato do resto.
Reinaldo Teles assentou com a cabeça em sinal de concordância e saiu do gabinete do presidente a pensar na forma como deveria actuar.
Jorge Gomes estava à espera dele e, depois de discutirem o assunto, não teve contemplações.
- Vamos fodê-lo. Mandamos dar-lhe uma tareia, para ver se ele aprende.
Reinaldo não respondeu logo, e passados alguns segundos acabou por dizer:
- Dar-lhe uma tareia não é solução. O presidente garantiu que tinha outra estratégia. Só temos de estar atentos e avisá-lo quando soubermos de algum negócio directo.
A oportunidade não tardou a chegar. Francisco Silva pedia que nem um cego, e a informação tão desejada acabou por chegar.
O presidente do Conselho de Arbitragem (Lourenço Pinto) era da total confiança de Pinto da Costa e deu-lhe a informação tão esperada.
- Temos o homem na mão. Ele telefonou ao Rocha (Manuel Rocha, presidente do Penafiel) e pediu-lhe dois mil contos pelo jogo de domingo. Vamos fazer-lhe uma emboscada. O Rocha leva um gravador quando lhe for entregar o dinheiro, e depois entramos nós em acção.
- Sigam com a operação, mas lembrem-se que temos de ficar sempre de fora.
Quando se viu desmascarado, o Silva chorou, pediu perdão, mas não adiantou nada.
Tinha sido feito. Houve ainda algumas hesitações não sabendo bem se devia levar o assunto para a frente ou apenas pregar um tremendo susto ao Silva, mas o escândalo rebentou e não foi possível segurar a situação.
PC e Reinaldo mais uma vez saíam ilibados do problema gerado, assumindo o papel de anjinhos, mas a força que detinham foi bem evidenciada. Para os outros árbitros, o aviso surgia sempre na forma de um «lembrem-se do que aconteceu ao Silva, que fugiu à nossa protecção, quis fazer os seus negócios sozinho e acabou por se espalhar; mais vale ganhar menos mas estar devidamente protegido».
O sistema voltava a estar sob controlo, e a submissão da maior parte dos árbitros a Reinaldo era cada vez mais forte. Ele sabia que não podia perder aquele negócio. A árvore continuou a dar os seus frutos, mesmo fora de época.
O restaurante do seu primo transformou-se num autêntico estabelecimento cambial, tal era o volume de negócios que ali se desenvolvia. Os cheque voavam de mesa para mesa, desaparecendo debaixo dos pratos de feijoada.
José Silvano, um árbitro com algumas dificuldades na vida, devido aos maus negócios que tinha efectuado na sua empresa, necessitou, entretanto, de comprar uma carrinha e falou com Reinaldo para lhe emprestar três mil contos de modo a efectuar o negócio. Reinaldo levou-o ao presidente, e este não hesitou em passar-lhe o respectivo cheque para a compra da carrinha, mas exigiu ao árbitro que este lhe passasse um outro cheque da mesma importância, mas com um prazo mais alongado. Ambos concordaram, e o árbitro levou os três mil contos.
Quando Reinaldo regressou ao gabinete do presidente, perguntou, um tanto espantado:
- Não é um risco muito grande emprestar dinheiro a este gajo?
- Claro que é sempre um risco, mas não vamos ficar sem esse dinheiro. Isso foi apenas um investimento. Nós vamos precisar dele.
Passadas poucas semanas, o clube de Pinto da Costa lutava pelo título com o seu principal rival (perigosamente próximo, nessa temporada), e havia uma deslocação difícil mais a norte do País. PC chamou Reinaldo e explicou-lhe a situação:
- No domingo, vamos jogar o título. Temos de ganhar de qualquer maneira, e as coisas não estão nada fáceis. Chegou a altura de pedir contas ao teu amigo árbitro.
Reinaldo entendeu logo o que o seu presidente queria; pegou no telefone e discou o número do árbitro.
Do lado de lá atendeu uma voz grossa e bem timbrada que Reinaldo identificou de imediato:
- Olá, estás bom?
- Quem fala?
- É o Reinaldo. O presidente mandou-me falar-te, porque precisa daquele dinheiro que te emprestou.
- Mas agora não tenho essa verba...
- Mas tu prometeste!!!
- Claro que prometi, mas as coisas correram mal.
- Sabes que o presidente tem um cheque?
- Sei. E o que é que ele vai fazer?
- Nada, se tu te portares bem.
- Olha que porra! Até parece que ando a portar-me mal!
- Não é isso. Vais ser nomeado para fazer o nosso jogo de domingo e nós temos de ganhar de qualquer maneira. Não interessa como, temos é de ganhar.
- Já sabes que comigo não há problema. Diz ao presidente que pode contar comigo.
Mas vê lá se me toca alguma coisa.
- Deixa isso comigo. Faz a tua parte, que nós depois cá nos entendemos.
No dia desse jogo, José Silvano passou pela maior vergonha para dar a vitória ao clube de PC, inventando uma grande penalidade que nunca existiu, com a agravante de tudo isto se passar em casa do adversário, situação que lhe originou uma penosa fuga pelas traseiras. Mas ele já estava muito batido nestas «saídas à comandante», assim baptizadas porque normalmente aconteciam no «jeep» do comandante da GNR.
Os jornais, a rádio e a televisão comentaram o escândalo, mas o título foi assegurado.
Dias depois, o árbitro transmontano, que de bruto só tinha o aspecto físico, foi em busca do cheque dos três mil contos que tinha passado a Pinto da Costa, mas este nem sequer o recebeu, mandando recado por Reinaldo:
- O presidente disse que aquele dinheiro nada tinha a ver com o empréstimo que te fez. São negócios diferentes. Nós fizemos-te um favor e tu retribuíste com outro.
- Mas já viste o que passei no domingo para não ganhar nada com isso?
- Tem calma que vais recuperar esse dinheiro. Eu disse-te que não havia problemas, não disse? E vais ver que não há.
- Como é que então vais resolver essa situação?
- É fácil. Vou arranjar-te uns joguinhos e clientes para te pagarem o frete. Nós ficamos com o dinheiro e abatemos à dívida.
- Isso não é justo - disse o árbitro, ao mesmo tempo que dava um murro na mesa.
- Não te enerves, porque a situação não é tão injusta como tu julgas. Já sabes que connosco podes ganhar muito dinheiro e vais até superar com toda a certeza essa merda dos três mil contos. Deixa isso connosco, que nós arranjamos-te jogos para cobrir isso e muito mais.
De facto não faltaram jogos a José Silvano. Reinaldo não se cansava de lhe arranjar nomeações e pedir os respectivos fretes, mas a devolução do cheque é que nunca foi efectuada, tendo sido utilizado várias vezes para exercer sobre o árbitro os mais variados tipo de chantagem.
Os escândalos foram-se avolumando, e o árbitro ficou de tal modo hipotecado à situação que mais tarde teve de fugir para o estrangeiro para evitar a prisão. Algures no Golfo Pérsico, onde tentava montar um negócio de camelos, o pobre árbitro dizia mal da sua vida:
- Grandes cabrões, servem-se de uma pessoa e quando ela já não é necessária lançam-na pela borda fora. Mas eles não vão perder pela demora!

PC E AMIGOS - PARTE 4
José Silvano era apenas um exemplo de como alguns árbitros estavam agarrados a Reinaldo Teles e eram obrigados a executar todos os seus planos, muito embora, no meio de toda esta estratégia, surgissem algumas falhas no sistema. O certo é que os árbitros que mais dinheiro ganhavam com os negócios de Reinaldo Teles eram aqueles que apareciam mais vezes a apitar os jogos do seu clube, sendo-lhes exigidos favores à troca de nada.
Quanto mais egoísta era o árbitro e mais gastador se mostrava, mais hipotecado ficava. Quando queriam montar negócios ou necessitavam de dinheiro para cobrir algumas despesas da sua vida particular, telefonavam a Reinaldo Teles, e este, salvo raras excepções, nunca se fazia rogado na execução dos empréstimos, mantendo sempre em sua posse alguns documentos comprovativos.
Reinaldo Teles sabia bem avaliar a potencialidade dos empréstimos e quanto essa verba lhe iria render. Presos pelas dívidas, os árbitros em causa tinham de se submeter às ordens emanadas por Reinaldo ou Jorge Gomes, uma figura que, aos poucos, se foi transformando no braço direito do seu dilecto amigo. Os empréstimos eram abatidos mediante os jogos efectuados, mas a verba descontada na dívida era sempre muito inferior à que Reinaldo cobrava aos respectivos dirigentes que com ele contactavam.
Alguns árbitros estavam fartos de ser explorados e começaram a surgir algumas fugas. Contactados pelos clubes adversários dos protegidos de Reinaldo, traíam os objectivos e colocavam-se do lado contrário, para dessa forma levarem algum dinheiro.
A organização era rígida e não perdoava tais veleidades. Reinaldo estava fora de si e, descontrolado, até insultava os árbitros em público.
- És um ingrato, mas vou tratar-te da saúde. Este ano já te dei a ganhar mais de 10 mil contos e tu traíste-me. `Tás fodido comigo.
O árbitro, tentando arranjar desculpa para disfarçar o negócio que tinha feito, ainda ripostou:
- Não podia fazer mais do que aquilo que fiz, senão era um escândalo.
- Era um escândalo, o caralho!!! Não viste, há três jornadas atrás, o que fez o Chico?.
Foi preciso marcar três grandes penalidades para ganharem, e ele marcou-os. Aconteceu-lhe alguma coisa? Claro que não. Ele está sob a nossa protecção.
- Ó Reinaldo, desculpa lá, não me fales dessa merda de desonestidades nem de ingratidões! Para eu ter ganho mais de 10 mil contos, tu ganhaste o dobro ou mais. Eu também estou fodido contigo, porque no jogo que fiz anteriormente ajudei o clube que me pediste e não vi nem um tostão. Não me venhas, por isso, com a conversa de que te pregaram o mico. Eu soube que eles te deram o dinheiro, e eu não ando aqui a fazer fretes de graça, ou para ganhares só tu.
- Está bem, está bem. Vais ver o que te vai acontecer!
E aconteceu mesmo: esse árbitro, que tinha subido ao primeiro escalão no ano anterior, acabou por ser novamente despromovido.
Reinaldo não perdeu a oportunidade para lançar o aviso sobre os outros:
- Estão a ver o que acontece a quem nos tenta foder e não quer colaborar connosco? Abram os olhos, comigo é que ganham dinheiro!
PC já tinha vários apoios associativos e alguns conselheiros na mão, e caso o presidente do CA não se deixasse influenciar, este já sabia que tinha os dias contados. Poucos foram os que conseguiram gerir com independência o sector. PC estava consciente da força que tinha e das alianças que possuía. Arrastava atrás de si uma grande força popular, argumentando com bandeiras políticas regionais; mas os que o seguiam de perto iam-se afastando, logo que verificavam que aquela bandeira servia apenas para encobrir os seus negócios e não perder o poder popular tão útil em situações menos favoráveis.
PC era capaz de tudo para ganhar. Para ele, não existiam barreiras nem personalidades. Habitou-se a esmagar quem se lhe atravessasse no caminho. Duas semanas antes de um jogo entre gigantes (Porto-Benfica) e onde se iria discutir o título, teve um encontro com o presidente do Conselho de Arbitragem, naquela altura um homem isento e honesto, mas com a consciência de que tinha de ter uma certa flexibilidade em algumas situações. A nomeação do árbitro para esse jogo era extremamente importante, e o assunto foi discutido entre os dois:
- Que árbitro é que lhe agradava para fazer o seu jogo?
PC não respondeu. Pensou um pouco, pegou num papel e escreveu o nome de um árbitro de Setúbal (Carlos Valente), entregando o papel ao presidente do CA. Este analisou-o e concordou com a situação, até porque o árbitro tinha qualidade e não era daqueles que normalmente negociavam nos bastidores.
O clube rival acabou por saber quem era o árbitro e também quem o tinha escolhido.
O responsável pelo futebol desse clube, homem muito traquejado e capaz de fazer frente a PC, colocou um plano em marcha. Desconfiado de que PC já tinha o árbitro controlado, contactou com um dos seus fiscais de linha e negociou com ele o resultado do encontro.
Tudo se passou nos arredores da capital no campo de um clube de escalão inferior, onde esse fiscal de linha treinava habitualmente com outros árbitros. Só que, no dia em que o responsável do clube da capital se foi encontrar com o tal fiscal de linha, o encontro foi presenciado por alguém que também tratava da sua forma física. Este, desconfiado, no dia seguinte ligou para Pinto da Costa.
- Queria falar com o Senhor Pinto da Costa.
- Da parte de quem? - responderam do lado de lá da linha.
- Diga-lhe por favor que fala Maciel Feijoca.
Bzzz, click...
- Olá, está bom? Então o que é que manda? - perguntou PC do lado de lá do fio.
- PC, ontem vi o Gaspar Ramos a falar com um dos fiscais de linha do árbitro que vos vai apitar no domingo. Ponha-se a pau.
- Ah, sim! Esse gajo está fodido comigo! Vou já tratar do assunto.
Depois de desligar o telefone, PC, lívido de raiva, ordenou que lhe fizessem uma chamada para o presidente do CA. Logo que este lhe surgiu do lado de lá do fio, entrou a matar:
- Tem de me mudar o árbitro do nosso jogo!
- Então não foi você que o escolheu?
- Pois escolhi, mas soube agora que o Gaspar Ramos já contactou com um dos seus fiscais de linha.
- Isso pode não querer dizer nada, e a faltarem três dias para o jogo não vou substituir o árbitro. Isso seria um escândalo.
- Mas tem de ser, senão eu vou fazer um barulho dos diabos.
- Faça aquilo que quiser, desde que seja você a assumir essa responsabilidade. Pode até dizer aos jornais que sabe desse encontro. A responsabilidade é sua.
Sentindo a inflexibilidade do presidente do CA, ligou de imediato a Adriano Pinto, o homem que o socorria nos momentos de maior aflição, mas nem este conseguiu demover o presidente do CA da sua atitude.
Pinto da Costa colocou então em movimento uma outra estratégia e, através dos meios de comunicação social, criticou aquela nomeação, levando, como era seu hábito, o assunto ao rubro. O certo é que no dia do jogo confirmaram-se as suspeitas, e o tal juiz de linha que fora visto a ser contactado pelo dirigente do clube adversário não se portou nada bem, prejudicando o clube de PC. Para agravar, um habitual suplente (César Brito) da equipa adversária até bisou, dando a vitória e o título à sua equipa. Pela primeira vez, o assalariado de PC que treinava a equipa (Artur Jorge) deixou o verniz estalar, chorando baba e ranho na cara do dito juíz de linha.
À saída, os árbitros setubalenses levaram uma grande sova, e o chefe de equipa, coitado, sem saber de nada, até levou porrada da mulher de Reinaldo Teles.
- Mas, meus amigos, eu não tenho nada a ver com isto, como vocês sabem - desabafava o apitador, enquanto colocava pomada na zona atingida. O que é que eu fiz para merecer isto? Como é que vou explicar à minha mulher estas arranhadelas nas costas? - E, mesmo sendo um homem valente, começou a choramingar...
Pinto da Costa teve durante toda essa semana de provar o sabor amargo de que, afinal não conseguia controlar todas as situações. Sentiu que tinha de refinar os seus métodos e mandou chamar Reinaldo Teles para discutirem os dois o problema.
Reinaldo Teles entrou envergonhado no gabinete do presidente. Não sabia o que dizer. Ele que julgava que tinha o mundo da arbitragem na mão, que tinha inclusive aconselhado o seu presidente a escolher aquele árbitro, e que acabou por ser traído.
Pinto da Costa quando viu o seu «vice» entrar no seu gabinete, de cabeça baixa, disse num tom apaziguador:
- Não vale a pena estarmos agora a bater mais no ceguinho. Temos é de tomar medidas para que uma coisa destas não volte a acontecer.
- Ó presidente, sabe que não controlamos os árbitros todos.
- Sei muito bem disso, mas a partir de agora, para estes jogos mais importantes, temos de fazer com que sejam nomeados árbitros da nossa inteira confiança e que alinhem no escândalo, se for necessário. O mais importante é ganharmos.
Reinaldo ficou mais animado com as palavras do presidente e lançou um alerta:
- Isto até é mau para o nosso negócio. Os outros árbitros começam a perder-nos o respeito, e nós acabamos por perder não só o controlo da situação com também aquele dinheirinho que entra todas as semanas.
- O povo é de memória curta, e com mais umas vitórias esquece o que aconteceu no domingo.
Pinto da Costa e Reinaldo Teles gastavam dinheiro à grande e à francesa. A paixão de PC pela Maria era cada vez mais forte, e isso trouxe-lhe custos exagerados, porque ela sempre se revelou uma mulher de gostos caros e tinha de garantir o futuro da filha de ambos, amealhando alguns cobres. E Reinaldo estava cada vez mais viciado no jogo.
Em cada cidade que parava não resistia a uma visita ao casino local. O vício pelo jogo era tremendo. Até parecia castigo de Deus.
Tinha entrado nos casinos para lavar dinheiro para os seus negócios pouco claros e acabou por ficar agarrado à roleta. Reinaldo sonhava com Las Vegas, e não havia quem o convencesse que não muito longe ficam os precipícios do Grand Canyon...
- Mas no meu caso não vai ser assim. O dinheirinho que entra todas as semanas há-de dar para estas coisas e muito mais.
O futebol é um grande negócio e, agora, que temos a arbitragem na mão, não nos faltará dinheiro - dizia Reinaldo a Jorge Gomes, na tentativa de o convencer a não o aborrecer mais com aquelas conversas de que ele andava a arriscar dinheiro de mais no jogo. - Quem não arrisca, não petisca! - gostava de repetir Reinaldo, especialmente quando desperdiçava umas milenas no preto para ver sair o vermelho, ainda para mais o vermelho...
- Olha, essa merda do jogo ainda há-de ser a tua desgraça. Faz mas é como eu. Vou investindo nuns apartamentos. Pelo menos fico com o futuro garantido - dizia-lhe Jorge Gomes.
- Não te preocupes com isso. O negócio vai melhorar. O presidente tem aí um projecto em vista que vai mudar isto tudo - respondia Reinaldo.
Tornava-se muito arriscado tentar servir vários clubes ao mesmo tempo. As pessoas já falavam muito nessas histórias e qualquer dia rebentava um escândalo medonho. PC reuniu-se com Reinaldo, e ambos discutiram a nova forma de ganhar dinheiro com a arbitragem, mas com a situação completamente controlada ou, pelo menos, mais controlada.
O futebol continuava a ser a guarida dos homens endinheirados à procura de promoção social. Ter muito dinheiro não bastava. Eles gostavam de ser conhecidos, e nada melhor que o futebol para promover socialmente os novos ricos. Reinaldo Teles sabia melhor que ninguém quais eram os empresários que manifestavam grande disponibilidade financeira. A maior parte deles eram seus clientes e deixavam no seu bar muitas centenas de contos através das suas raparigas contratadas. Era só arranjar uma forma de lhe aliviar um pouco mais a bolsa, e o futebol era o melhor meio para isso. O desporto-rei servia de capa para o mais variado tipo de situações. Era só saber aproveitá-lo. Servia para lavar dinheiro e principalmente para fazer esquecer certos preconceitos sociais. O exemplo de Reinaldo era o que mais evidenciava essa situação.
Chegou ao Porto para servir na tasca do tio, foi um dos mais conhecidos chulos da cidade, continuava a viver à custa da exploração de carne branca, e as famílias mais conceituadas esqueciam-se disso tudo para o apoiar até à vice-presidência de um dos clubes mais prestigiados da Europa. A sua mulher, que palmilhou noites seguidas na Rua de Santos Pousada, era agora uma senhora bem colocada e apaparicada por todos aqueles que rodeavam o clube, não obstante continuar a ser a dona de um bordel.
O futebol é um fenómeno social, e era necessário saber retirar o devido proveito desse facto.
Pinto da Costa tinha vindo de boas famílias, mas era criticado pelos seus parentes, devido ao relacionamento que tinha no mundo da bola. A sua inteligência não deixava dúvidas e, unindo esse factor à facilidade com que Reinaldo se movimentava no mundo do crime, formava com Teles uma dupla quase imbatível.
Reinaldo Teles só possuía a cultura adquirida na tasca do seu tio, e o seu discurso só tinha êxito no bas-fond da cidade. As entrevistas que ia dando só podiam ser concedidas a jornalistas da sua confiança, para que a sua ignorância não se manifestasse com tanta evidência, mas era eficiente nas jogadas de bastidores, e era nessa qualidade que Pinto da Costa o aproveitava. Não podia, porém, nem responder nem servir de escudo para os ataques vindos de outros clubes cujos dirigentes conheciam muito bem a sua actividade.
Para além de não possuir a capacidade de PC, tinha muitos rabos de palha, e quando surgia em maior evidência nunca conseguia retirar muitos efeitos mediáticos. A sua grande mágoa era ainda não ter podido encontrar um negócio que lhe desse tanto dinheiro como os alternos. Muitas vezes lamentava-se com os seus amigos.
- Tenho de acabar com esta merda. Até os colegas dos meus filhos na escola dizem que eu vivo das putas, que sou um chulo.
Mas o dinheiro ganho com facilidade sempre superou essas mágoas e também não podia prescindir dos serviços da sua mulher, pois ela era uma «expert» no assunto e o segredo do êxito do bar de alternos.
- É que isto de lidar com putas não é tarefa fácil para ninguém. Ou temos os olhos bem abertos ou somos comidos indecentemente. A minha mulher conhece o negócio como ninguém e todos os truques. Já não é comida com facilidade - consolava-se Reinaldo, nas noites de maior angústia, quando tentava ler uma obra de Eça de Queirós.
Quem não dava muita importância a essa situação era Pinto da Costa. Para ele, até era bom que o seu amigo de maior confiança tivesse boas putas. Quantas mais ele tivesse, mais ele comia, e o bar sempre era um local de bom chamamento para os seus negócios menos lícitos.
Pinto da Costa já tinha tido dissabores com alguns desses negócios, e os da arbitragem começavam a ser muito denunciados, mas como o dinheiro desse sector era muito e fazia falta, havia que se estabelecer um novo plano de ataque.
As despesas eram muitas e, depois de falidas as empresas em que ele tinha gasto tantos milhões, quase toda a gente já sabia que ele vivia somente à custa da influência que o seu clube lhe fornecia para certos negócios. De vendedor de fogões a empresário falido, PC tinha, porém, a certeza de que o mais importante estava feito: o seu clube ia na crista da onde, e o cartão de crédito que tinha no bolso não tinha tecto. Afagando-o, PC acabou por adormecer embalado por um pensamento reconfortante: «Antes um bom Visa que um bis».

PC E AMIGOS - PARTE 5
Reinaldo Teles trabalhava no mundo da arbitragem com um certo à vontade.
Comprava e vendia com a maior das facilidades. Sentia-se seguro e acabava por cometer erros que, acumulados, se iam tornando perigosos, não obstante usufruir de uma grande cobertura judicial, desportiva e política, situações que eram consubstanciadas através de favores concedidos em todas estas áreas, tendo como referência o poder do seu clube.
A bandeira do Norte era içada defendendo um regionalismo recheado de hipocrisia.
Esta era a forma de arregimentar a força do povo nortenho quando era necessário sair em defesa de interesses meramente pessoais. Pois se os títulos e os golos eram importantes para os fervorosos adeptos do seu clube, eram muito mais para eles, porque era essa força que servia de suporte aos negócios marginais.
Pinto da Costa tinha consciência de que no futebol eram autorizados, por parte dos adeptos, alguns jogos obscuros de bastidores. A vitória era importante e combatia-se dentro e fora dos relvados. Alguns adeptos até denunciavam um certo gosto pela habilidade nata com que alguns dos seus dirigentes se movimentavam nos bastidores, mas também se sabia que nenhum deles aprovava que se retirassem benefícios em proveito próprio e muito menos utilizando o seu clube para isso. Mas como o clube ia ganhando...
Começaram a surgir algumas denúncias, e uma maior cautela era a medida a tomar com uma certa urgência. Andar a negociar árbitros a retalho era perigoso de mais. Os movimentos multiplicavam-se, e os riscos aumentavam. Alguns jornalistas não se deixaram dominar pelo medo e acabaram por sofrer emboscadas, sendo presenteados com alguns socos como medida de intimidação. Reinaldo Teles foi avisado e não parava de pensar como é que o negócio teria de ser conduzido para se acabarem com alguns boatos que começavam a tornar-se perigosos. Nem sequer equacionava poder vir a acabar com um comércio tão rentável.
Tinha de encontrar uma solução mais eficaz e menos notada. Já se habituara a ganhar algumas centenas de contos semanalmente, e o seu vício pelo jogo no casino requeria grandes proventos.
A ideia acabou por surgir através de um dirigente de outro clube que se tornara um grande cliente e que começou a entender a complexidade do negócio e a dificuldade em acudir a todos os pedidos.
- Porque é que vocês não se dedicam a um ou dois clubes em vez de andarem a acudir a todos os fogos? Façam contas e vão verificar que o negócio se torna mais rentável, é mais seguro e não gera tantas confusões.
Reinaldo Teles ouviu com atenção a observação, e, como dizia, a sua mioleira acendeu-se como um cockpit no momento da aterragem. Para arrefecer as ideias, pediu ao seu empregado que lhe trouxesse mais um whisky.
- Mas com muito gelo.
Saboreou durante largos minutos a sua bebida, elaborando mentalmente um novo plano de ataque. Olhou à sua volta e, ao verificar que uma das suas prostitutas se despedia de um cliente depois de lhe ter sacado duas garrafas de champanhe, fez-lhe um sinal e chamou-a.
Ela olhou admirada e colocando o dedo indicador no meio do peito nu, bem dentro de um decote que ameaçava fazer-lhe saltar as mamas a qualquer momento, interrogou-se, encolhendo os seus lábios vermelhos e carnudos:
- Eu?!
Reinaldo passou a mão pelo rosto, fez rodar o copo entre os dedos para agitar o gelo e acenou com a cabeça, confirmando o chamamento.
Rebolando a anca, atravessou a pista de dança e dirigiu-se a Reinaldo.
- Senta aí.
- Mas que luxo! Ser convidada para a mesa do patrão!
- Cala-te e ouve. O Jorge Gomes dormiu contigo esta noite?
- Já sabe que sim. Ou ainda não lhe disseram que ando com ele?
- Sei muito bem que andas com ele, e quero é saber onde o posso encontrar agora... neste momento.
- Como ainda é cedo, deve ter passado por casa. Mas ele disse-me que vinha cá hoje.
- A que horas?
- Ai, isso não sei! Mas deve estar a chegar.
- Se por acaso estiver ocupado na altura em que ele chegar, diz-lhe que eu quero falar com ele com urgência.
- OK! É só isso? - disse a empregada antes de se retirar, ao mesmo tempo que puxava as mamas para cima e deitava o olho a um novo cliente.
Reinaldo Teles dirigiu-se para o balcão onde estava a sua mulher a chamar a atenção de uma das suas empregadas.
- Estás aqui para trabalhar e não para namorar. Estiveste na mesa daquele gajo e nem um copo lhe sacaste.
Reinaldo Teles ia a pedir um pouco de calma à sua Luísa, quando viu Jorge Gomes a entregar a sua gabardina ao porteiro. Fez-lhe logo sinal com a mão e, após uma breve troca de olhares, dirigiram-se para uma mesa mais recuada e sem barulho de música.
Reinaldo apresentou-lhe a sua ideia para se avançar com uma nova forma de negócio.
Ao fim de alguns minutos, estava tudo resolvido. Iam trabalhar com três ou quatro clubes de divisões inferiores e com um ou dois de primeira categoria, prometendo-lhes a manutenção. Desta forma, a acção não colidia com os interesses do seu clube muito pelo contrário: podia até sair beneficiada.
Reinaldo estava tão entusiasmado com o negócio, que deixou Jorge Gomes embasbacado quando lhe disse:
- Isto não tem nada que saber. Vamos deixar de trabalhar jogo a jogo. Para correr tudo bem, necessitamos de tempo e organização. O clube que quiser subir contacta-nos com tempo, fazemos o preço e temos todo o campeonato para tratar do assunto. Desta forma, podemos jogar com algumas falhas e colmatá-las com outras jogadas e outros intervenientes.
Jorge Gomes ouviu com atenção, mas ficou desconfiado, pois não lhe passava pela cabeça vir a perder dinheiro. Além do mais, ficava sem campo de acção para algumas das suas jogadas em que prometia levar o dinheiro a alguns árbitros e nem sequer os contactava. Mas Reinaldo descansou-o.
- O teu papel continua a ser o mesmo. Nós temos de trabalhar todas as semanas, temos de fazer os nossos contactos, só que desta forma a massa vem dos clubes antecipadamente. No início do campeonato estabelecemos um preço de subida e, como em negócios destes não há crédito, eles dão-nos o dinheirinho adiantado e nós é que gerimos a situação.
- E já tens algum cliente? Estamos a mais de meio do campeonato, e até ele acabar não vamos ganhar mais nenhum? - perguntou Jorge Gomes, preocupado e ainda confundido com esta nova situação.
Mas Reinaldo não perdeu tempo, expondo-lhe novos pormenores do negócio:
- Estamos em Março, e é a partir de agora que começam as grandes confusões. Estive a falar com o presidente de um clube que está à rasca. Não quer descer e, como dinheiro é coisa que não lhe falta, vamos arrancar com esse negócio. Amanhã vais falar com ele, apalpas a situação e, se o vires interessado, combina com ele um encontro aqui no bar, que depois eu faço o resto. Trata disso sem falta amanhã, que eu agora vou até ao casino aumentar a minha fortuna.
- Já vais foder o dinheiro todo nessa merda. Assim, não há negócio que resista - lamentou-se o Jorge.
Na tarde seguinte, Jorge Gomes fez o seu contacto; falou com o presidente do tal clube que não queria descer e, vendo que este se mostrou interessado no negócio, marcou encontro para essa noite.
Reinaldo Teles escolheu duas das suas melhores mulheres, avisou Luísa de que naquela noite iria aparecer um bom cliente e deu instruções para que nada faltasse, porque estava em perspectiva um bom negócio.
Quando ia a sair, disse a Luísa para ela falar com as duas empregadas, avisando-as de que, se fosse necessário, elas sairíam com esse cliente.
- É que ele gosta de ter mais que uma mulher na cama, e é bom que ele saia daqui satisfeito.
Nessa noite, Reinaldo Teles chegou atrasado ao bar, mas fê-lo de propósito, para que as suas duas empregadas tivessem tempo de levar o cliente ao ponto que ele queria.
Quando fez a sua entrada, a situação já estava a ser controlada por Jorge Gomes.
- Ele está no ponto de rebuçado.
- É assim mesmo que eu o quero.
Após estas palavras, Reinaldo dirigiu-se para a mesa do seu convidado e disse, com um ar de não total inocência:
- O presidente está bem acompanhado!
Ambos trocaram um sorriso e compreenderam que tinha chegado a altura de ficarem sozinhos para tratar de negócios. As duas mulheres, após um ligeiro sinal, levantaram-se da mesa sob o argumento de que tinham de ir à casa de banho recompor a maquilhagem, mas prometendo voltar logo que se acendesse a luz verde...
Reinaldo Teles começou a falar da situação aflitiva em que estava o clube do seu interlocutor, passando de imediato àquilo que mais interessava e que tinha proporcionado aquele encontro.
- Estive ontem a pensar na vossa situação e cheguei à conclusão de que, se não houver um trabalho a sério, vocês vão direitinhos.
- Nós também temos consciência disso.
- Ainda ontem um presidente veio ter aqui comigo para ver se eu o ajudava a sair de uma situação como a vossa, mas eu não lhe disse nada até falar consigo. Se vocês quiserem, prefiro ajudar o vosso clube. Sempre é da nossa associação (Porto).
- Claro que queremos, mas também não temos muito dinheiro para gastar.
- Estive a fazer contas e penso que, com 50 mil contos, podemos controlar a situação até ao final do campeonato. Mas, atenção, que este dinheiro também é para ser investido no campo do adversário.
- Com 50 mil contos, vocês garantem-nos a manutenção?
- Quase a 100 por cento.
- Quase?
- Sim, quase, porque a bola, que eu saiba, continua a ser redonda...
- E como é que vamos pagar esse dinheiro?
- Em três tranches. Dez mil agora e mais duas de vinte mil quando virmos que é necessário o investimento.
- Está combinado. O Jorge Gomes pode passar lá amanhã pelo meu escritório e já traz o cheque dos 10 mil.
Estava em curso uma nova forma de negociar, e pelos vistos mais segura, para além das vantagens que isso trazia. Com aqueles 50 mil contos podia fazer-se muita coisa, uma das quais era tentar atrasar os mais directos adversários do clube de Reinaldo Teles. Quando estes fossem jogar com o clube que tinha pago os 50 mil contos, investia-se nessa situação. Com um tiro matava dois coelhos: o seu clube adiantava-se em termos de pontos, e o seu cliente ficava bem servido.
Só que o egoísmo levou-os a cometer novos erros. O dinheiro era fácil e gastava-se ainda mais facilmente. Reinaldo pedia cada vez mais e investia cada vez menos. Estava ciente do poder que tinha e jogava com algumas promessas de árbitros em termos de classificação no ranking final, pagando cada vez menos em dinheiro e fazendo prevalecer outras situações de favor. Alguns árbitros contentavam-se com isso, mas outros arriscavam e, sabendo que eles estavam a ganhar dinheiro com os seus favores, exigiam a quota parte deles. Surgiram então algumas ameaças de despromoção, e não faltaram desentendimentos, assim como processos de pura chantagem, ao melhor estilo de um filme que Jorge Gomes um dia alugou no clube de vídeo da esquina, «O Padrinho».
Mas como o tempo não parava e a bola se revela teimosamente redonda, as coisas complicaram-se, até que se chegou ao final do campeonato, e o clube que tinha investido 50 mil contos para não descer jogava a sua última cartada em 90 minutos de futebol.
Reinaldo Teles multiplicou-se em acções, jogando em vários campos, mas era tarde de mais para controlar todas as situações. Havia que investir em vários jogos, e o dinheiro tinha sido gasto no casino e noutros negócios. Mesmo assim, ainda tentou outras soluções, mas os adversários mais directos não andavam a dormir e também tomaram as suas precauções.
Já depois dos 90 minutos regulamentares, uma das equipas, não incluídas no seu «pacote», e que jogava a norte, marcou o golo que lhe garantia a permanência. A aposta de Reinaldo Teles tinha falhado. Jogadores, treinadores e dirigentes nem queriam acreditar, e o presidente do clube que tinha dado os tais 50 mil contos para não descer evaporou-se durante mais de três semanas.
Claro que depois choveram as desculpas e inventaram-se as maiores jogadas para encobrir o desastre. Reinaldo Teles, depois da tempestade, prometeu que na época seguinte esse clube subiria - e de facto, subiu, muito embora com um investimento menor. Era necessário salvaguardar a imagem para que o negócio não se perdesse, mas para tapar esses buracos houve outros investimentos que falharam.
Por exemplo, numa tentativa de subida da 2ª Divisão B à Honra, fez-se também um grande investimento que, tal como o outro, não resultou precisamente na última jornada.
Havia dois clubes com possibilidades de serem promovidos. Um deles estava a ser protegido por Reinaldo Teles e a sua organização, o outro vivia da habilidade de alguns dos seus dirigentes que se mexiam bem no seio da arbitragem e conheciam por dentro o negócio.
Na última jornada, o clube que estava protegido por Reinaldo ia jogar a casa de um adversário cujo resultado já não contava para nada. O árbitro desse jogo tinha a promessa de que iria ser internacional, e Reinaldo garantiu que este estava controlado.
O presidente do clube que queria subir prometeu mesmo uma prenda à mulher de Reinaldo Teles, caso o seu clube fosse promovido:
- Ofereço-te um BMW novinho em folha. Eu sei que gostas deste carro, e o Reinaldo não se importa que eu te dê esse prenda.
Luísa arregalou os olhos de contentamento e não mais deu descanso ao seu homem:
- Vê lá o que andas a fazer. Ele tem que subir. Eu quero aquele BMW.
Só que os outros não andavam a dormir. Tinham a situação controlada para o jogo que iam disputar em casa e a aposta tinha de ser feita no jogo com o outro adversário candidato à subida.
Na semana que antecedeu esse jogo, já se sabia quem iria ser o árbitro do encontro.
Era do Alentejo, terra onde abundam sobreiros e cortiça, e tal como o tal clube era de uma terra onde se fabrica muita rolha; através de um emissário foi dada uma palavrinha ao tal árbitro, mas a proposta no valor de 10 mil contos, foi prontamente recusada. Este foi o sinal de que o árbitro já estava feito com Reinaldo Teles, porque em relação à sua honestidade não havia rolhas que tapassem o fedor que ali se guardava...
Só havia uma solução para combater a estratégia de Reinaldo Teles. Os homens da cortiça contactaram o clube a quem o resultado pouco interessava e, como os seus jogadores tinha os vencimentos em atraso, ofereceram-lhes 20 mil contos para ganharem. Era muito dinheiro, e ninguém resistiu à proposta.
No dia do jogo, os homens da cortiça lá estavam com a verba combinada: 10 mil contos em dinheiro, trocado no dia anterior no casino por cheques e outros 10 mil em papel com garantia de altos dirigentes federativos da zona centro do País. Ávidos pelo dinheiro que lhes estava a ser oferecido, os jogadores nem pensaram duas vezes, e as habilidades do árbitro não foram suficientes para combater toda aquela (falta de) ambição...
Reinaldo Teles tinha perdido mais uma aposta. Tinha falhado mais uma promoção. Fez, no entanto, os seus negócios e ganhou dinheiro com isso. Só mesmo a Luísa é que ficou sem o seu BMW.
- Puta que te pariu, Reinaldo! Como se não bastasse o facto de não me foderes, ainda me fazes andar de Opel! - gritou Luísa, depois de mais uma «nega» do marido, numa noite, ainda para mais, de lua plena...
- Desculpa, filha, acho que bebi de mais!- adiantou Reinaldo, antes de rolar os olhos rumo a um sono sem sonhos, os seus preferidos.

PC E AMIGOS - PARTE 6
Apesar de falhas bem visíveis na organização, Reinaldo Teles continuava a usufruir de uma excelente reputação no negócio das arbitragens. A máquina estava bem montada, e os perdedores eram levados a acreditar que era praticamente impossível controlar todas as situações de forma a garantirem a vitória. Reinaldo defendia-se afirmando que, se o processo não fosse falível, acertava todas as semanas no totobola.
As pessoas conheciam os pormenores da organização e sabiam que o risco de erro era mínimo, mas existia...
Reinaldo Teles controlava várias áreas adjacentes ao mundo do futebol e sempre era melhor estar de bem com ele do que tentar lutar contra a sua estrutura. O negócio de corrupção já há muito tinha ultrapassado a arbitragem, encontrando-se instalado noutros sectores. Por vezes, controlar o árbitro não chegava e também era verdade que, nem todos os árbitros se deixavam enredar na teia bem urdida por Reinaldo e Jorge Gomes e, por isso, tornava-se necessário alargar o campo de acção a outros sectores e a alguns jogadores que, na ânsia de arranjar melhores contratos, alinhavam em favores extra.
Valia tudo para se servir o melhor possível o cliente.
Reinaldo e Jorge Gomes tornaram-se especialistas na tramóia. Tinham toda a cobertura possível do clube que representavam. Aos poucos, os dirigentes dos outros clubes ficavam dependentes da sua acção e dos seus serviços. No início de cada época, era elaborada uma lista de jogadores a emprestar pelo clube de Reinaldo, e os primeiros a ter acesso a essa lista eram aqueles que se comprometiam a ser os melhores clientes, depositando milhares de contos nos cofres da organização. Destes dividendos, o clube não via nem um tostão, e por isso é que alguns dirigentes com maior estatura moral, ao aperceberem-se que alguns parasitas viviam à conta do seu clube, abandonavam as suas posições, não deixando de comentar:
- Isto é impossível. Um clube com tanta dignidade vive rodeado de chulos. É quem mais se orienta.
- É preciso ser-se maluco para depender exclusivamente de um pé-descalço e de um mentecapto.
- O melhor é sair do barco, senão ainda vamos ao fundo com ele e se isso acontecer já ninguém nos arrancará do lodo...
Até o Ilídio, que já tinha investido milhares de contos no clube do seu coração, deixou de acreditar que, algum dia, poderia vir a ser «vice» do futebol profissional e deixou de contribuir quando era chamado a apagar alguns fogos de ordem económica. E gabava-se disso, sem tentar esconder a sua posição:
- Deixei de ser burro. Era o que faltava, andar aqui a ganhar honestamente o meu dinheiro para sustentar estes chulos. Se falta dinheiro, que o ponha lá quem o ganha à custa do clube. Se derem 10 por cento do que ganham à nossa custa, já podem acudir a alguns fogos. Sempre é melhor deixarem o dinheiro no clube que os sustenta que deixá-lo no casino.
Ilídio sabia que tinha peso entre os adeptos, pelo menos desde o dia em que resolveu pedir a sua demissão de dirigente e, ao contrário de que aconteceu a outros, Pinto da Costa se apressara a fazer com que ele regressasse. Gostava de ser campeão todos os anos, mas não apoiava os processos utilizados por Reinaldo e muito menos, ao contrário de outros, deixava que a sua mulher se misturasse com a Luísa nas viagens ao estrangeiro.
Reinaldo Teles ganhava apoiantes entre aqueles que comiam algumas migalhas do seu bolo. Como era conveniente, controlava alguns delegados técnicos, montando um sistema de protecção aos árbitros que com ele colaboravam. Servia-se do seu clube para se insinuar perante os membros do Conselho de Arbitragem, deixando no ar promessas que raramente eram cumpridas.
A chantagem era o trunfo mais utilizado na intimidação das pessoas que se deixavam levar por alguns processos menos claros e que, depois de entenderem que pouco ganhavam com isso, manifestavam a intenção de sair da organização. Esses processos, na maior parte das vezes, eram utilizados contra jogadores que se deixavam corromper e que, depois de se sentirem enganados com falsas promessas, se recusavam a aceitar um segundo negócio. Também havia aqueles que, não querendo alinhar no sistema de corrupção, quando contactados, se recusavam a tal. Esses eram constantemente ameaçados e só com muita dificuldade arranjavam novos clubes depois de terminarem os seus contratos. Era a política do medo que se exercia sobre jogadores e dirigentes.
Quem contrariasse Reinaldo, sentia que estava a contrariar PC, e o resultado era quase sempre funesto.
As pessoas sentiam que lhes estavam a sonegar dinheiro, mas não tinham coragem para se impor. Sabiam por experiência que não era muito saudável alguém voltar-se contra quem manda no futebol.
A arrogância com que a dupla PC-Reinaldo actuava e a ditadura que impunham provocava até situações ridículas, mas nada era feito ao acaso. Um dos exemplos disso estava num dos anúncios transmitidos semanalmente pelo Totobola. Nesse anúncio surgiam golos de várias equipas, e como o clube de PC tinha sido esquecido, o próprio presidente contactou a Santa Casa e fez saber que, se não incluíssem num desses anúncios um golo do seu clube, ele mesmo faria uma campanha anti-Totobola.
A chantagem valia para tudo, mas PC era também mestre na simpatia, e quando lhe convinha atingir determinado objectivo, se fosse necessário, tornava-se até subserviente.
PC e Reinaldo tinham personalidade muito idênticas que se dividiam entre o anjo e o demónio, e por isso é que se entendiam bastante bem e existia uma confiança sem limites entre ambos.
PC era o mentor, e Reinaldo o executor. Jorge Gomes queria imitá-los, mas as suas limitações não lhe permitiam longos percursos nessa área. Explodia com muita facilidade e, como não tinha a noção do ridículo, deixava cair a máscara e denunciava a sua real personalidade. Também era verdade que lhe cabia assumir os papéis de maior desgaste.
A organização era superiormente constituída e soberbamente organizada. Escolhia os árbitros de personalidade mais frágil para patrocinarem os escândalos nos jogos onde era necessário vencer a qualquer preço e, depois de utilizados, quando já não possuíam qualquer tipo de credibilidade, esses mesmos árbitros eram abandonados e abatidos ao efectivo.
Alguns treinadores também se deixaram possuir pela vida fácil de arranjar emprego, entregando toda a sua carreira à responsabilidade de Reinaldo Teles. Ele é que os colocava, mas sempre com o objectivo de conseguir novos clientes. Muitos deles sujeitavam-se ao desemprego durante meses a fio, para esperarem a oportunidade e a ordem dada por Reinaldo.
Quando surgia um elemento endinheirado à cabeça de um clube, Reinaldo não perdia tempo. A carreira desse clube começava a sofrer oscilações, até que o presidente era aconselhado, através de um sinal subtil de boa vontade, a mudar de treinador. O acaso proporcionava encontros programados à distância com elementos ao serviço de Reinaldo:
- Com esse treinador não vai a lado nenhum. Arranje outro enquanto é tempo.
- Não é assim tão fácil como isso. Não há por aí treinadores aos pontapés, e também é necessário pagar-lhes - reagia o presidente, em situação de desespero.
- Ó homem, fale com o Reinaldo que ele arranja-lhe um gajo com capacidade. Ele é que controla isto tudo. Estou a ser seu amigo, não ganho nada com isso!
Muitos desses presidentes não agiam de imediato, mas, como os bons resultados teimavam em não aparecer, acabavam por seguir o bom conselho daquele amigo tão providencial. Caíam que nem patinhos na teia que lhes tinha sido estendida.
Depois de contactado, Reinaldo colocava a máscara do amigo, do proteccionista que age sem qualquer tipo de interesse. Um autêntico bom samaritano.
- Vou arranjar-lhe um treinador de cinco estrelas. Não se preocupe que a partir de agora vai correr tudo muito melhor - garantia aos presidentes mais conhecidos, nos intervalos de algumas beijocas e outras tantas mamadas de algumas especialistas pagas a peso de ouro.
Uma semana depois de o novo técnico estar ao serviço desse clube, surgia o conselho tão desejado para os presidentes mais inexperientes:
- Tem de começar a aparecer no bar do Reinaldo mais vezes. Ele é um gajo porreiro. E lá é que se resolvem todas as situações.
Tentando rentabilizar o investimento que já tinha feito, o «homem» era recebido como um marajá. Luísa encarregava-se de lhe colocar na mesa um ou duas das suas melhores mulheres. Reinaldo dava ordem para que o serviço de bebidas não falhasse e, para não dar nas vistas, naquele primeiro dia a conta era arredondada para baixo e elevados os carinhos proporcionados pelas raparigas. O dirigente saía satisfeito, e até comentava com os seus colegas:
- O Reinaldo é um gajo porreiro. Meteu-me duas mulas na mesa boas como milho, e no final a conta foi uma merdita.
O pior acontecia nas visitas seguintes. Iludido com tamanha amizade, o dirigente tornava-se cliente assíduo e, para não parecer mal andar no putedo, sempre tinha a desculpa de que ia tratar de negócios com Reinaldo. Este, por seu lado, só tinha de esperar até que a vítima ficasse definitivamente presa.
As bebedeiras sucediam-se, e alguns chegavam até a mijar-se pelas pernas abaixo para descontentamento das mulheres que os tinham de aturar, mas Reinaldo não tinha contemplações quando alguma das suas empregadas se queixavam que já não aguentavam mais micções ou vomitados daqueles pacóvios que estavam ligados ao futebol.
- Coitados, nunca saíram de casa e agora bebem dois copos e cagam-se todos.
Reinaldo Teles não gostava desse tipo de comentários e cortava-os pela base:
- Se não queres trabalhar, fala ali com a Luísa que ela faz-te as contas e vais com a Nossa Senhora.
As putas bem se lamentavam, porque com os dirigentes do futebol as suas comissões diminuíam, pelo menos nos primeiros tempos, dado que a intenção não era esmifrá-los, como faziam aos outros clientes, mas cativá-los para operações bem mais proveitosas para o... patrão.
- Estás a mangar? O que ele quer é embebedar os perus...
- Não tenho pena deles. Tenho mais pena de mim. Ando aqui a dar tudo o que tenho, e o que ganho com esses pavões nem dá para a cabeleireira.
- Tem paciência, Vaninha. Pode ser que ainda venhas a casar com um jornalista desportivo, como eu...
As putas já estavam resignadas.
Chegada a hora de o abutre picar sobre a carcaça, Reinaldo começava a gerir a situação, dando toda a cobertura ao clube cujo treinador lá tinha colocado. As tabelas eram feitas mediante os escalões em que os clubes militavam e, como normalmente as coisas melhoravam de imediato, toda a gente se sentia satisfeita. O presidente tornava-se um bom cliente, diminuindo o orçamento para a contratação de jogadores e aumentando a verba de despesas confidenciais que iam direitinhas para os bolsos de Reinaldo. A qualidade do futebol decrescia também, porque já não era necessário investir-se em bons profissionais, mas sim nas habilidades e manobras de bastidores.
Os dirigentes não escondiam essa situação:
- Que importa ter bons jogadores se não ganhamos?!...
À parte tudo isto, os treinadores colocados por Reinaldo também alinhavam em várias jogadas, principalmente nos finais de campeonato. Quando não estava em causa o resultado para uma das equipas cujo treinador fazia parte da carteira de Reinaldo, era fácil pedir-se-lhe a derrota para beneficiar um outro cliente. Todos ganhavam dinheiro com isso.
O sector do futebol júnior também foi transformado num grande negócio através do empréstimo de jogadores e, por isso, logo cobiçado pelos familiares de Reinaldo. Os clubes que eram beneficiados com esses empréstimos, para além de usufruírem de imediato de proteccionismo relativamente às arbitragens e de terem de pagar magros vencimentos aos atletas, tinham de passar cheques cujas verbas iam até aos 5 mil contos sempre em nome de Reinaldo Teles e nunca em nome da colectividade.
O clube que se tornou melhor cliente de Reinaldo andava já há algumas épocas a tentar a subida à 1ª Divisão e já tinham investido muitos milhares a partir do bar gerido pela Luísa. Mas depois de ver frustradas as suas acções e de ter gasto muito dinheiro, um dos seus dirigentes resolveu ter uma conversa com Reinaldo Teles e, sem preâmbulos, foi direito ao assunto:
- Já andamos há algumas épocas a investir e ainda não conseguimos nada. Desta vez tem de ser. Digam lá quanto é que é necessário para subirmos de divisão.
Reinaldo Teles afagou o bigode, pensou, e só depois disse num murmúrio de grande cumplicidade:
- Se vocês querem mesmo subir, vamos ter de apostar forte.
- E essa força quanto nos custa?
- Não é esta a altura para vos dar uma resposta. Vamos estudar o problema e depois falamos.
Reinaldo Teles teve então uma conversa com Pinto da Costa, colocou-lhe o problema, e este não esteve com meias medidas:
- Se eles querem subir, vão ter de pagar bem por isso. Naquela zona há muito dinheiro. Anda tudo bem calçado. Estabelece uma verba de 250 mil contos e divide isso em quatro ou cinco tranches.
- Mas, presidente, isso não é muito dinheiro?
- Não, não é, atira com essa verba e se eles não forem na fita baixa um pouco a fasquia, mas não muito.
Reinaldo e Jorge Gomes marcaram encontro com os interessados e, após uma curta discussão, ficou acordado que essa verba seria de 200 mil contos divididos em quatro tranches de 50 mil contos. O certo é que, após vários escândalos - jogos houve nos quais foram marcadas três grandes penalidades... - , esse clube acabou por subir ao grande palco do nosso futebol, e ninguém fez menção de fazer segredo de que os grandes responsáveis por essa subida foram Reinaldo e PC.
Aqui o segredo nem sequer era a alma do negócio, muito pelo contrário, era necessário que toda a gente soubesse para incentivar novos clientes. Uma autêntica operação de marketing.
- Reinaldo, isto é muito melhor que jogar na roleta! - atirava PC, enquanto se deliciava com mais um extracto bancário.
- Sem dúvida, presidente, mas agora que falou nela, já me está a dar um formigueiro nas mãos.
- Oh, não!...

PC E AMIGOS - PARTE 7
Toda a gente sabia que Pinto da Costa vivia do futebol e essencialmente do seu clube, mas ninguém se arriscava a comentar o facto publicamente. Não se lhe conhecia mais nenhuma actividade e muito menos tinha fortuna pessoal, mas não obstante estes factos, vivia como um milionário. Comprava apartamentos de grande luxo para familiares e denunciava sinais exteriores de riqueza. A sua vida era um mistério que ninguém ousava desvendar.
Numa reunião de direcção, Pinto da Costa colocou com toda a frontalidade o seu problema económico. Ele tinha consciência de que aquilo que impunha era aceite, e ninguém ousava comentar.
Já passava das 22 horas, quando entrou pela sala de reuniões. À sua frente estendia-se uma mesa larga e comprida com os cantos arredondados. Á sua volta estavam sentados oito dirigentes discutindo entre si vários problemas de menor importância, mas quando sentiram a porta a abrir-se, viram Reinaldo Teles com o puxador na mão a dar passagem a PC, que entrou com um sorriso nos lábios, logo seguido do irmão de Reinaldo, cuja postura física e comportamento se assemelhavam aos de um gorila. Toda a gente se levantou para cumprimentar o presidente. Reinaldo tropeçou na alcatifa e, não fora a acção rápida de Ilídio Pinto, a segurá-lo pela gola do casaco, ter-se-ia enfiado por debaixo da mesa.
PC largou um sorriso, e em tom de brincadeira comentou:
- Reinaldo, estão a tirar-lhe o tapete?
Toda a gente riu, mas Reinaldo é que não achou piada nenhuma.
Todos se sentaram, e Pinto da Costa apresentou de imediato a sua proposta:
- Meus senhores, aqui neste clube os vencimentos vão ser atribuídos conforme as responsabilidades. A pessoa mais responsável é sem dúvida o presidente. Concordam?
Os presentes na reunião olharam-se entre si e, sem perceberem muito bem o que PC queria dizer, acabaram por concordar, muito embora se mostrassem hesitantes. Mas, ao aperceber-se da situação, Reinaldo fez da sua voz a de toda a gente:
- Claro que ninguém tem dúvidas que a maior responsabilidade pertence ao presidente.
Como ninguém se atreveu a contestar tal afirmação, PC, sem mais delongas, expôs a sua posição:
- A partir de agora, o presidente vai ganhar sete mil contos por mês, o treinador seis mil e depois seguem-se os vencimentos dos jogadores, sem luvas e prémios, está claro.
Os presentes estavam à espera de tudo, menos de uma situação como aquela, e dois «vices», sem soltarem uma única palavra, levantaram-se da mesa e saíram. PC não se preocupou com o facto, tinha-os na mão e sabia que ninguém tinha tomates para falar.
Enfrentando os que ficaram, não deu hipótese a que ninguém mais recuasse:
- Então, como este ponto está aprovado, passemos a outro!
Ouvia-se a chuva que batia nos vidros. Reinaldo bem tentou dar vida à reunião, mas o seu vocabulário não lhe permitiu ir além de uns monossílabos completamente desenquadrados de toda aquela situação:
- Bem...hum...hum...pois...
A reunião, por motivos óbvios, acabou depressa. Um raid de comandos não seria mais fulminante.
O suporte económico de PC estava a consolidar-se. Sabia-se da sua ligação camuflada à agência de viagens, da sua comparticipação nos lucros e actividade da Olivedesportos e ultimamente até tinha comprado um jornal, um elemento indispensável para dar a cobertura nacional necessária aos seus mais variados negócios. A corrupção era uma fonte de receita inesgotável e sem impostos. Mas como não assumia publicamente - nem o podia fazer - nenhum destes negócios, tinha sérias dificuldades em explicar de onde lhe vinha a fortuna. Não se preocupava muito com isso. Ele sabia que tinha várias espécies de argumentos para fazer calar quem ousasse pedir explicações. Era um homem com a resposta sempre na ponta de uma viperina língua.
Tudo estava devidamente controlado e de nada adiantava aos clubes da capital lutar pelo poder dentro das estruturas do futebol. PC sabia, há muito, que a força do dinheiro combatia tudo, e as lutas regionais e clubistas superavam-se com facilidade, com sexo e com dinheiro. E nestas áreas estava tudo mais que garantido.
Nos momentos decisivos de eleições federativas, era ele quem controlava todas as situações, tendo com referência a ajuda preciosa de Adriano Pinto, um estratego de alto nível e um exímio jogador de sueca. Adriano Pinto era homem para deixar o adversário sem vazas, mesmo quando este só tinha trunfos, passe o exagero.
Adriano e PC escolhiam os lugares que mais garantias lhes davam para a continuidade dos seus vários negócios, mas, como não podiam escolher todos os lugares, autorizavam mesmo que alguns mais importantes caíssem nas mãos de dirigentes ligados aos seus mais directos rivais.
Não seriam necessários mais de dois meses após o acto eleitoral federativo para que se tornasse claro que os dirigentes indicados pelos clubes da capital já estavam do lado de PC. Mestres na arte da corrupção, proporcionavam vidas faustosas aos dirigentes inimigos(?), e a clubite era de imediato esquecida. Era normal ver-se um presidente federativo ao lado do clube de Pinto da Costa, quando este tinha de enfrentar algumas dificuldades e, sabendo-se que esse dirigente se afirmava de determinado clube da capital, nunca ninguém se espantou por ele nunca aparecer ao lado do clube das suas cores para o defender. Pelo contrário, até surgiu um presidente lisboeta que se tornou mais nortenho que um galego!
Os pontos-chave estavam todos controlados, para que a manobra fosse absoluta.
Exageraram, no entanto, em algumas situações. A sede do poder subiu à cabeça de Pinto da Costa, e os ataques ao Governo fizeram-se sentir com grande intensidade quando verificou que no campo político não era possível ter tanta cobertura como no futebol.
A Procuradoria-Geral da República colocou a Polícia Judiciária em campo, e a acção contra a corrupção no futebol desenvolveu-se de uma forma intensa. Durante vários meses, Reinaldo Teles e Jorge Gomes foram vigiados de perto, e os seus telefones ficaram sob escuta. Passado um mês, os agentes encarregados desta função já não tinham qualquer dúvida em relação à corrupção e aos negócios de Reinaldo Teles, mas as investigações continuaram.
Os agentes testemunharam vários encontros de árbitros com Reinaldo e Jorge Gomes.
Ouviram várias conversas em código, mas que entendiam perfeitamente. A rede estava bem montada e tudo indicava que, mais tarde ou mais cedo, Reinaldo e os seus pares iriam cair nas várias armadilhas que lhes estavam a ser montadas.
Pinto da Costa estava fora dessa investigação. Não era fácil atacar-se um homem com o seu poder. A polícia tinha de atacar por baixo para chegar lá acima, mas juridicamente o grupo estava bem organizado e bem escorado.
Jogavam, de uma forma invulgar, com carências que a Lei apresentava no combate à corrupção. Seria fácil para a polícia chegar à conta bancária de qualquer um deles e pedir justificações para o movimento semanal de verbas tão volumosas. Mas tal não era possível. Os agentes encarregados da investigação viviam desesperados por não poderem provar aquilo que viam com os seus próprios olhos. Por isso, atrasaram as investigações, esperando uma melhor oportunidade que nunca surgia. Eles sabiam que, no momento que pedissem contas ou justificações, bastava um deles negar-se a fazê-lo para que o processo não avançasse. Eles sabiam, também, que quem tinha que provar que o dinheiro nas suas contas bancárias era ilegal era a polícia e não os acusados.
Estavam de mãos atadas.
Os agentes destacados para a investigação conheciam o terreno que pisavam e não estavam nada optimistas em relação às provas que poderiam vir a encontrar. Isto apesar de terem assistido a vários encontros e conversas que indiciavam a existência de actos corruptos.
Um dia, resolveram seguir Reinaldo Teles e acabaram num bar de alternos perto do Marquês. No seu interior estavam dirigentes de um clube, em amena cavaqueira, e que tinham lá ido para se encontrar com um árbitro que lhes ia apitar o jogo da próxima jornada.
O espectáculo estava a começar, e no meio da pista exibia-se um travesti com farta cabeleira longa encaracolada e um vestido coberto de lantejoulas vermelhas que lhe descia pelas pernas até ao tornozelo, abrindo uma enorme racha que se prolongava pela coxa esquerda. Cantava em play-back uma canção de Maria Betânia. O árbitro, sentado numa mesa próxima da pista, coçava a sua careca, enquanto alisava os poucos cabelos que lhe sobravam e que lhe cobriam apenas as têmporas. Levou o copo de whisky aos lábios e pousou-o quase de imediato para aplaudir a actuação do travesti.
Quando lançou um olhar sobre a entrada viu surgir Reinaldo Teles. Uma das putas levantou-se com ligeireza e foi cumprimentá-lo, enquanto as outras a olhavam com inveja e diziam:
- Se a Luísa sabe desta merda, vem aí e dá-lhe uma tareia que a fode.
Reinaldo, sem perder o seu habitual fair-play, afastou a mulher e, quando ela se virou, mostrando um cu arrebitado e comprimido numas calças de licra, não resistiu a dar-lhe uma palmada, enquanto lhe dizia:
- Tens o melhor cu da Europa.
O árbitro assistiu a toda a cena e cumprimentou Reinaldo com um ligeiro aceno de cabeça. Os dirigentes ganharam coragem, levantaram-se e foram falar com o árbitro, que os conhecia e já esperava a investida. Após os cumprimentos tradicionais, o árbitro esperou pelo primeiro ataque, e logo que lhe referiram o jogo de domingo disse apenas:
- Não percam tempo. Esses negócios não são tratados comigo. Se querem alguma coisa, falem com Reinaldo Teles. Ele chegou agora, falem com ele.
Os agentes da PJ nem queriam acreditar no que ouviam. Estavam perto e escutaram a conversa. Esperaram pela reacção dos dirigentes, e estes, sem perderem tempo, pediram licença para se sentar na mesa de Reinaldo.
Só ouviram Reinaldo dizer:
- Apareçam amanhã para falarmos desse caso.
Tinham voltado à estaca zero, quando julgavam que estava em perspectiva a flagrante que tanto desejavam.
Era difícil arranjarem-se provas para deter Reinaldo e Jorge Gomes. Eles rodeavam-se de cuidados dignos de grandes profissionais. O inspector que comandava a operação chegou a dizer:
- Isto não vai ser fácil. Ou temos a sorte de os apanhar em flagrante, o que é tremendamente difícil, ou então temos de utilizar a táctica de Al Capone.
- A táctica de Al Capone? - perguntou um dos agentes, sem entender muito bem o que o seu chefe queria dizer.
- Eu explico. Toda a gente sabia que Al Capone era um gangster de primeira categoria. Matava, corrompia e só tinha negócios ilícitos, mas como ninguém podia provar nada, muitas vezes até passou por bom rapaz, negando descaradamente os seus crimes. Temos neste caso o exemplo disso mesmo.
Todos temos a certeza que Pinto da Costa e Reinaldo Teles estão envolvidos em casos de corrupção, mas como ninguém pode provar nada, quando alguém os acusa, ainda corre o risco de se transformar num difamador. Ao Al Capone meteram-no na cadeia por fuga aos impostos, e a estes só lhes podemos pegar pelo mesmo motivo, muito embora o sistema fiscal do nosso país não nos dê muita margem de manobra para isso. Doutra forma, só mesmo se um dos árbitros corruptos falar, e isso não é muito provável.
A corrupção atingia quase todos os sectores do futebol, e não havia dúvidas de que existia uma organização perfeita por trás de toda esta situação.
Os mais altos dirigentes federativos recebiam luvas da Olivedesportos para ultrapassar regulamentos, dar exclusivos sem concursos públicos ou marcar jogos seguindo as conveniências horárias da televisão. A PJ seguiu alguns desses dirigentes e verificou que estes no final de cada mês passavam pelos escritórios da Olivedesportos e nunca ninguém acreditou que eles fossem apenas cumprimentar ou desejar um bom final de mês a Joaquim Oliveira. Mas, apesar de toda esta evidência, de que algo de anormal se passava, e não haver dúvidas de que existia corrupção, não se conseguia prender ninguém. Quando existia mesmo a possibilidade de se poderem arranjar provas de um crime, elas eram imediatamente abafadas, sem ninguém saber como.
Mas um jogador que foi contactado por Jorge Gomes para facilitar um resultado fez questão de dar com a língua nos dentes e transformou o seu caso num escândalo nacional. Prometeu contar toda a verdade. Porém os casos caíam sempre na mão de quem sabia como lhes dar destino. Numa primeira abordagem, esse jogador teve medo de contar toda a verdade. Foram apontadas testemunhas para esse caso que poderiam ser o início da derrocada da organização, mas mais ninguém foi ouvido sobre essa questão.
O processo desapareceu como o fumo, levando o caminho de tantos outros: arquivado por falta de provas. É que, quando elas existiam ou se perspectivava o testemunho dos factos, surgia logo uma misteriosa corrente no sentido de fazer as coisas caírem no esquecimento. O império resistiu ao movimento das catacumbas.
A televisão gastava milhões em transmissões televisivas. O responsável por essas negociações comprou a dinheiro, misteriosamente, uma casa no valor de 50 mil contos.
Todos sabiam que meses antes ele não tinha possibilidades de efectuar tal negócio. Era mais que evidente que estava a receber luvas da Olivedesportos, mas ninguém lhe pediu contas.
O descaramento era tal neste tipo de negócios, e a cobertura de tal forma forte, que a Olivedesportos, uma empresa instalada num modesto T1, com dois empregados e uma mulher de limpeza, fazia frente e vencia as estações de televisão mais fortes em estruturas e com grande peso político e religioso.
Fomentaram-se guerras, desmascaram-se situações, mas a organização tinha tal poder que nem sequer foi minimamente abalada. Ninguém compreendia aquele fenómeno. Um escudo invisível parecia proteger a coutada de PC.
Por trás das outras empresas, havia gente com grande peso político, ex-ministros e até ex- primeiros-ministros, mas estas empresas esbarravam sempre no gnomo Joaquim Oliveira, o tal que meia dúzia de anos antes era apenas o proprietário de um bar de alternos com putas ranhosas e que até as cuecas tinha penhoradas.
A televisão era um enorme fonte de receita. O segredo do negócio não residia, como se tentava fazer crer, na negociação da exclusividade das transmissões, mas no sistema camuflado de publicidade estática.
Tudo isto formava uma teia bem tecida e organizada.
Por seu lado, o irmão de Oliveira, quando deixou de jogar futebol, dedicou-se à actividade de treinador, mas apesar de todas as ligações comerciais com PC, nunca se deixou envolver pelo sistema. Treinou sempre clubes de pequena nomeada, e era evidente a sua grande capacidade de comando e leitura de jogo. António Oliveira era inteligente e conhecia como ninguém o futebol por dentro, mas nunca foi um grande amante do trabalho. Treinar um clube e ter de se levantar todos os dias de manhã para exercer essa actividade, ou radicar-se numa cidade pequena para poder laborar, nunca esteve nos seus horizontes, e daí o seu êxito não ter tido uma dimensão à altura do seu talento.
A solução para o seu problema estava na selecção. Trabalhava de três em três meses, e como capacidade e talento eram coisas que não lhe faltavam, este era um emprego à sua medida.
Pinto da Costa controlava todas estas áreas, e não havia dúvidas de que era ele quem mandava no futebol. A Polícia incomodava toda a gente, procedia a investigações, fazia buscas residenciais a várias personalidades, que toda a gente sabia serem satélites de PC, mas nele ninguém tocava. PC, surgia sempre acima de toda a suspeita e com uma porta aberta para sair em defesa dos seus protegidos e dar-lhes a cobertura necessária. O Grande Líder tinha consciência daquilo que valia e do poder que tinha. Sabia que os mais altos dirigentes políticos lhe vinham mendigar apoio nos momentos cruciais. O escândalo não o afectava; a contínua suspeita que caía sobre ele e os seus sócios não tinha grandes efeitos sociais, como se toda a gente aceitasse pacificamente que o futebol era um antro de negócios marginais. O certo é que, apesar de todos os hinos cantados à inocência, quando surgia uma suspeita de corrupção ligada ao futebol, a direcção era sempre a mesma e atingia sempre as mesmas pessoas.
Ninguém podia pensar numa perseguição injusta, como fazia crer, porque isso seria até um insulto a Pinto da Costa e à sua reconhecida capacidade de gestão de problemas.
- Eles que venham comer o milho à minha mão - sussurrava PC, enquanto abria mais uma edição do «Independente», de novo com a sua foto na capa.
Publicado por: MATA-PORCOS em dezembro 9, 2004 07:05 PM

Anonymous said...

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